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"Aberração estatística" muda os padrões da Casa Branca
Trajetória da pobreza a Harvard não é nada comum, diz a nova primeira-dama
Obamas serão, em janeiro,
a 1ª família negra a viver na residência presidencial, que não tem crianças como moradores desde 1977
CLARA FAGUNDES
DA REDAÇÃO
A eleição de Barack Hussein
Obama Jr. levará para a Casa
Branca uma família diferente.
"Sou uma aberração estatística", resumiu a futura primeira-dama, Michelle Obama, ainda
na campanha, em entrevista à
"Newsweek". "Menina negra,
criada na zona sul de Chicago
[região pobre e violenta]... Eu
deveria ter estudado em Princeton? Não. Diziam que a Escola de Direito da Universidade
Harvard talvez fosse aspiração
demais. Mais fui e me saí bem."
Em janeiro, a família Obama
inaugurará uma nova série estatística: a de famílias negras a
habitarem a Casa Branca. Educados em universidades de elite, Michelle e Barack Obama se
conheceram, como os Clinton,
na faculdade de direito. São, como foram os Clinton e o Kennedy, jovens, belos e elegantes.
No discurso de vitória, Barack Obama prometeu às filhas
Malia, 10, e Natasha (Sasha), 7,
um cachorrinho. Os "primeiros-cachorros" são quase tão
tradicionais na residência oficial quanto a caça aos ovos de
Páscoa no jardim, organizada
anualmente pela primeira-dama. O posto é ocupado hoje pelo scottish terrier Barney, 8,
que tem seu próprio site no
portal da Casa Branca (www.whitehouse.gov/barney).
Atacados na campanha como
exóticos, elitistas e antipatriotas, os Obama são surpreendentemente parecidos com outros casais presidenciais. E,
mais do qualquer um, encarnam o "sonho americano": a
idéia de que, trabalhando duro,
qualquer um pode ter sucesso.
Se os pais vangloriam-se da
origem humilde e volta e meia
mencionam as bolsas de estudo
que tiveram, as pequenas Malia
e Sasha têm outra história para
contar. São, também, "meninas
da zona sul de Chicago" -mas
de Hyde Park, um dos bairros
mais ricos da região.
Primeiras crianças na Casa
Branca desde 1977, quando
Amy Carter se mudou para a
residência oficial aos 9 anos,
elas estudam na tradicional Escola Laboratório da Universidade de Chicago. O colégio, de
elite, atende principalmente filhos de docentes da universidade, como Obama, e cobra anuidade de até US$ 21 mil.
Filho de Ann Durham, branca, e do queniano Barack Hussein Obama, ele traz no nome o
"Hussein" do pai, que abandonou a família. Passou parte da
infância na Indonésia e cresceu
no Havaí, um dos Estado mais
multiculturais dos EUA.
Dos veteranos do movimento negro, como seu pastor renegado Jeremiah Wright, Obama herdou "a audácia da esperança", sermão de Wright que
dá título a sua biografia. Mas
vem de um país já bem diferente, mais aberto, onde a segregação racial, abolida em 1964 pela
lei federal de Direitos Civis, já
começa a entrar para as páginas da história.
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