DA REDAÇÃO

A prestigiosa revista médica britânica "The Lancet" defendeu ontem em editorial a proibição do fumo no Reino Unido.
"Se o tabaco fosse uma substância ilegal, a posse de cigarros iria se tornar um crime, e o número de fumantes cairia drasticamente. Fumar cigarros é um vício perigoso. Nós deveríamos fazer muito mais para evitar esta doença e para ajudar suas vítimas. Conclamamos o governo Tony Blair para proibir o tabaco", afirmou a revista no editorial intitulado "Como você dorme à noite, sr. Blair?".
Na semana passada, um grupo com alguns dos mais respeitados médicos do país divulgou uma carta na qual pedia ao governo a proibição do fumo em locais públicos. O documento, enviado ao jornal "The Times", era assinado pelos 18 chefes das faculdades reais de medicina e por vários outros professores das instituições.
Em reação ao manifesto, a ministra da Saúde, Melanie Johnson, e o premiê Tony Blair disseram que, antes de proibir o fumo, seria preciso fazer um trabalho de convencimento da população a respeito dos benefícios da medida.
Segundo a revista, como 80% dos britânicos não fumam, eles também deveriam ter o direito de estar livre da exposição a substâncias comprovadamente cancerígenas.
De acordo com a "Lancet", cerca de mil pessoas morrem por ano no Reino Unido devido à inalação da fumaça expelida pelo cigarro de terceiros. Calcula-se que 120 mil fumantes morram todo ano no país por causa do hábito.
Além de alguns Estados norte-americanos (Califórnia, Connecticut, Flórida e Nova York), regiões do Canadá, da Austrália e da Tailândia já introduziram leis contra o fumo. Os governos da Irlanda, da Noruega e da Holanda devem proibir o fumo em ambientes de trabalho e dentro de todos os edifícios públicos em 2004.
No Brasil, a lei federal 9.294, de 1996, proíbe o fumo em recintos coletivos, privados ou públicos (com exceção das áreas destinadas exclusivamente a esse fim). A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estima que no Brasil existam 27 milhões de adultos fumantes. A média de mortes relacionadas ao cigarro no país é de 200 mil por ano -no mundo, a estimativa é de 4 milhões.