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AMÉRICA LATINA
Para o governo, a versão americana é "fantasiosa" e política
Brasil descarta terror na Venezuela
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil não acredita na possibilidade de a Venezuela estar sendo
usada como base por terroristas
adversários dos EUA, muito menos por terroristas islâmicos.
Na avaliação de setores do Itamaraty, as versões de que o presidente Hugo Chávez estaria facilitando até a emissão de documentos falsos para terroristas são
"fantasiosas" e caracterizam uma
disputa interna dentro dos EUA.
De um lado, estariam os "falcões", que querem fragilizar a posição de Chávez num momento
crucial de seu governo, quando o
Conselho Nacional Eleitoral analisa as assinaturas favoráveis a um
referendo que pode abreviar seu
mandato.
De outro, ficariam os "pombos", os pragmáticos, adeptos da
dissociação entre a ideologia e os
interesses econômicos do governo Chávez nos EUA. Essa linha da
Casa Branca foi descrita anteontem por um importante diplomata brasileiro assim: "Deixem o
Chávez falar o que quiser, desde
que garanta o petróleo nos Estados Unidos".
Apesar de todas as idiossincrasias de Chávez em relação ao governo americano, ele está interessado neste momento em aproveitar os efeitos imediatos da Guerra
do Iraque para aumentar a participação venezuelana no fornecimento de petróleo aos EUA.
A Venezuela é hoje responsável
por 15% das importações americanas de petróleo e quer atingir
25% -mais do que os 18% a 19%
de antes do governo Chávez. O
crescimento de agora seria, na
avaliação chavista, para suprir os
cortes nas compras que os EUA
fazem do produto do mundo árabe -os mais fortes fornecedores
do mundo.
O Palácio do Planalto e o Itamaraty receberam informações ainda superficiais, na dependência
de confirmação, de que há inclusive a possibilidade de um encontro de Bush e Chávez na próxima
semana, em Monterrey, no México, justamente para tratar da
questão.
O distanciamento dos EUA dos
países árabes está redirecionando
uma guinada da maior potência
do mundo para a África, onde a
Nigéria, por exemplo, também é
forte produtora de petróleo. A
Venezuela quer disputar esse espaço, independentemente das dificuldades políticas e diplomáticas entre os dois governos. E tem
um trunfo: Caracas fica a cerca de
cinco horas de vôo de Miami, a
principal entrada da América do
Sul nos EUA.
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