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São Paulo, sexta-feira, 07 de fevereiro de 2003

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IRAQUE NA MIRA

Em discurso na Casa Branca, presidente afirma que "o jogo acabou" e que a ONU precisa autorizar guerra

Bush apóia resolução para atacar Bagdá

Samir Mezban/Associated Press
Grupo de civis iraquianos participa de um exercício de defesa civil na Cidade de Saddam, como preparação para eventual guerra


DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, anunciou ontem que é a favor de uma nova resolução da ONU autorizando o uso da força militar contra o Iraque. "Os EUA darão boas-vindas e apoiarão uma nova resolução que deixe claro que o Conselho de Segurança defenderá suas exigências anteriores", afirmou Bush, em discurso na Casa Branca.
"Tendo feito suas exigências, o Conselho de Segurança não pode recuar quando essas exigências são desafiadas e ridicularizadas por um ditador", disse. "Agora, o CS mostrará se suas palavras têm algum significado."
Bush se referiu à resolução 1441, aprovada em novembro passado, na qual o CS da ONU determinou o reinício das inspeções de armas no Iraque (que estavam paralisadas desde 1998) e avisou o Iraque de que essa seria "a última chance" para o país se desarmar pacificamente. Do contrário, enfrentaria "sérias consequências".
Os EUA acusam o Iraque de dificultar o trabalho dos inspetores e de esconder armas de destruição em massa. Anteontem, Powell apresentou ao CS uma série de indícios que, segundo os EUA, comprovariam a falta de colaboração.
Para Bush, Saddam Hussein teve uma última chance e a está jogando fora. "Ele fez sua escolha. O Conselho de Segurança também precisa optar", afirmou.
Em discurso ontem à tarde, Bush disse que os EUA estão determinados a tomar qualquer medida para desarmar o Iraque. "O jogo acabou", disse. É um sinal de que, se o CS não autorizar o uso da força, os EUA poderão atacar o Iraque de qualquer maneira.
O Reino Unido deve apresentar uma proposta para uma nova resolução ao CS no dia 14, afirmou ontem uma fonte diplomática britânica à agência Associated Press.
Para aprovar uma nova resolução autorizando o ataque, os EUA precisam vencer a resistência da França, da China e da Rússia, que defendem a continuação das inspeções de armas no Iraque.
Os três países são membros permanentes do CS da ONU e têm direito a veto. Para aprovar uma resolução, são necessários votos favoráveis de nove dos 15 membros do Conselho de Segurança (CS) da ONU. Mas basta um veto para inviabilizar a proposta.
Para a administração Bush, a resolução 1441 já seria suficiente para o uso da força militar contra o Iraque, mas essa opinião não é compartilhada por outros países, inclusive a França (que, por ter direito a veto no CS, pesa mais).
Ontem, Powell compareceu ao Comitê de Relações Exteriores do Senado americano e disse que os EUA tentariam aprovar uma nova resolução autorizando o uso da força, mas que, se isso não fosse possível, o governo agirá mesmo sem autorização. Segundo o secretário, "dentro de semanas" o impasse será resolvido "de uma maneira ou de outra".
Powell disse aos senadores que a viagem a Bagdá, no próximo final de semana, dos chefes dos inspetores da ONU, o sueco Hans Blix e o egípcio Mohamed El Baradei, será chave para conquistar o apoio do CS da ONU.
Segundo Powell, os 15 membros do CS querem ver uma mudança de atitude por parte do Iraque, que desde 1991, quando houve o cessar-fogo da Guerra do Golfo, está proibido de possuir armas de destruição em massa. Powell disse que entregou aos inspetores 60 conjuntos de dados que poderão ajudá-los na busca por armas.
De manhã, Bush participou do 51º Café da Manhã de Orações Nacional, evento anual que reúne legisladores, membros do governo e líderes espirituais. "Esse é um momento de teste para nosso país. Tropas estão se concentrando no Oriente Médio. Há regimes opressores que buscam armas terríveis. Enfrentamos uma guerra em andamento contra o terrorismo. Uma coisa é certa, nós não pedimos por esses desafios. Mas vamos enfrentá-los", afirmou.

Com agências internacionais


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