São Paulo, sábado, 07 de fevereiro de 2004

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Democrata chefia junta sobre armas

DA REDAÇÃO

Um dia após o chefe da CIA (serviço secreto dos EUA) afirmar que seus analistas nunca disseram que a ameaça iraquiana era iminente, pondo em xeque a principal justificativa para a guerra, o presidente George W. Bush nomeou os membros da comissão bipartidária que investigará as supostas falhas de inteligência envolvendo a questão.
O grupo terá até 31 de março de 2005 para relatar suas conclusões -o que afasta o processo do calendário eleitoral americano, que culmina em novembro próximo.
Apesar das informações extra-oficiais divulgadas na véspera que apontavam como presidente da junta o senador republicano John McCain, a comissão será liderada pelo senador democrata Charles Robb e pelo juiz aposentado Laurence Silberman, republicano.
Outros integrantes são Lloyd Cutler (ex-conselheiro dos presidentes democratas Bill Clinton e Jimmy Carter), Richard Levin (reitor da Universidade Yale), o almirante William Studeman (ex-vice-diretor da CIA), o juiz Pat Wald (ex-membro da corte de apelações) e outras duas pessoas que ainda serão nomeadas.
McCain também participará da junta, que ao todo terá nove membros, e já deixou clara sua posição: "O presidente dos EUA, creio eu, não manipularia nenhum tipo de informação para lucrar politicamente nem por nenhuma outra razão", disse.
Segundo Bush, a comissão deve "avaliar as habilidades da inteligência americana, especialmente sobre armas de destruição em massa". O trabalho deve ir além da questão iraquiana e investigar também o papel dos serviços de informação nos casos do Irã, da Coréia do Norte e da Líbia.
David Kay -o inspetor que durante sete meses liderou a busca americana- afirmou que não acredita que houvesse armas de destruição em massa em larga escala no Iraque quando o país foi invadido, em março. O suposto arsenal proibido iraquiano -que, para EUA e Reino Unido, era uma ameaça iminente para a segurança mundial- foi usado como a maior justificativa para a guerra.
"Estamos determinados a descobrir por que [não foram achadas armas]", disse Bush. "Também estamos determinados a assegurar que a inteligência americana seja a mais precisa possível."
Kay atribuiu a conclusão errônea a falhas no serviço de inteligência, posição esta rapidamente absorvida pela Casa Branca. No entanto, anteontem, o diretor da CIA, George Tenet, foi a público pela primeira vez desde o início da controvérsia dizer que a agência de informações jamais afirmou que a ameaça iraquiana fosse iminente. A CIA, disse Tenet, limitou-se a ressaltar a intenção do ex-ditador Saddam Hussein de desenvolver o arsenal proibido.
O secretário de Estado, Colin Powell, afirmou que os EUA não devem desculpas. Já o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse que o fato deixou "estragos que vão demorar a ser sanados".


Com agências internacionais

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