São Paulo, quinta-feira, 07 de fevereiro de 2008

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Análise

Raça e gênero desempatam democratas

DA REDAÇÃO

Mulheres brancas, latinos e negros foram responsáveis por desempates em muitos Estados envolvidos na megadisputa democrata de anteontem.
As vitórias de Hillary Clinton (Nova York, Califórnia, Arizona, Arkansas, Missouri, Massachusetts, Nova Jersey, Oklahoma e Tennessee) foram mais uma vez embaladas pela preferência das mulheres brancas e dos latinos: pesquisas preliminares citadas pelo site "Politico.com" e pela CNN dão a ela 20 pontos de vantagem entre mulheres brancas sobre Obama e 60% dos votos dos eleitores de ascendência latina.
Segundo Thomas Mann, especialista em política do Instituto Brookings, latinos serão entre 10,5% e 11% dos eleitores em 4 de novembro. Na Califórnia, maior prêmio da noite com 370 delegados, o grupo foi vital para o sucesso da senadora. Ela venceu com mais de 62% dos votos latinos de todas as faixas etárias -entre os maiores de 60 anos, a margem foi de 81%. Também teve os votos de 59% das mulheres, mais numerosas que os homens, e foi campeã entre brancos com mais de 45 anos.
A suposição de que ela é a melhor entre eleitores de faixa de renda mais baixa e menor escolaridade -parte da base tradicional democrata- se confirmou, com algumas ressalvas.
Uma delas foi em Connecticut, em que a ex-primeira-dama perdeu. Entre Nova York e Nova Jersey, onde ela venceu por mais de dez pontos de diferença, Connecticut pode ter sido levado por eleitores menos fiéis que abraçam a idéia de mudança promovida por Obama. Nos últimos três meses, 17 mil novos democratas se registraram por lá, e Hillary só venceu entre maiores de 65 anos.
"A base democrata está dividida. Profissionais com alta escolaridade e de classe média fazem parte deste grupo, assim como negros, mas eles agora tendem para Obama", afirmou à Folha Alexander Keyssar, especialista em política americana da Universidade Harvard.
Já em Massachusetts, terra da família Kennedy, ela venceu, apesar do apoio do senador Ted Kennedy a Obama. Hillary conquistou 62% do voto feminino, e as mulheres foram 58% dos eleitores.

Negros, jovens e ricos
A tríade que já vem sendo considerada "a coalizão de Obama" -jovens, eleitores de alta renda e negros- não decepcionou o senador ontem. Negros e latinos votaram em quantidades similares na Superterça. Mas, se 6 em cada 10 latinos preferem Hillary, 8 em cada 10 negros escolhem Obama, vantagem que pode ser decisiva.
No Alabama, por exemplo, apesar da forte presença de sindicatos (tradicionalmente pró-Hillary), o apoio de quase 90% do eleitorado negro, que foi maioria, deu a vitória a ele.
O senador é também o favorito dos que têm o Iraque como maior preocupação, já que, em 2003, Hillary aprovou sua invasão.
E, curiosamente, em todos os Estados que tiveram um "caucus" (assembléia de eleitores) em vez de uma primária ontem, Obama ganhou. (ANDREA MURTA)



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