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Análise
Raça e gênero desempatam democratas
DA REDAÇÃO
Mulheres brancas, latinos e negros foram responsáveis por desempates
em muitos Estados envolvidos na megadisputa democrata de anteontem.
As vitórias de Hillary
Clinton (Nova York, Califórnia, Arizona, Arkansas,
Missouri, Massachusetts,
Nova Jersey, Oklahoma e
Tennessee) foram mais
uma vez embaladas pela
preferência das mulheres
brancas e dos latinos: pesquisas preliminares citadas pelo site "Politico.com" e pela CNN dão a
ela 20 pontos de vantagem
entre mulheres brancas
sobre Obama e 60% dos
votos dos eleitores de ascendência latina.
Segundo Thomas Mann,
especialista em política do
Instituto Brookings, latinos serão entre 10,5% e
11% dos eleitores em 4 de
novembro. Na Califórnia,
maior prêmio da noite
com 370 delegados, o grupo foi vital para o sucesso
da senadora. Ela venceu
com mais de 62% dos votos latinos de todas as faixas etárias -entre os
maiores de 60 anos, a margem foi de 81%. Também
teve os votos de 59% das
mulheres, mais numerosas que os homens, e foi
campeã entre brancos
com mais de 45 anos.
A suposição de que ela é
a melhor entre eleitores de
faixa de renda mais baixa e
menor escolaridade -parte da base tradicional democrata- se confirmou,
com algumas ressalvas.
Uma delas foi em Connecticut, em que a ex-primeira-dama perdeu. Entre Nova York e Nova Jersey, onde ela venceu por
mais de dez pontos de diferença, Connecticut pode
ter sido levado por eleitores menos fiéis que abraçam a idéia de mudança
promovida por Obama.
Nos últimos três meses, 17
mil novos democratas se
registraram por lá, e Hillary só venceu entre
maiores de 65 anos.
"A base democrata está
dividida. Profissionais
com alta escolaridade e de
classe média fazem parte
deste grupo, assim como
negros, mas eles agora
tendem para Obama", afirmou à Folha Alexander
Keyssar, especialista em
política americana da Universidade Harvard.
Já em Massachusetts,
terra da família Kennedy,
ela venceu, apesar do
apoio do senador Ted
Kennedy a Obama. Hillary
conquistou 62% do voto
feminino, e as mulheres
foram 58% dos eleitores.
Negros, jovens e ricos
A tríade que já vem sendo considerada "a coalizão
de Obama" -jovens, eleitores de alta renda e negros- não decepcionou o
senador ontem. Negros e
latinos votaram em quantidades similares na Superterça. Mas, se 6 em cada 10 latinos preferem Hillary, 8 em cada 10 negros
escolhem Obama, vantagem que pode ser decisiva.
No Alabama, por exemplo, apesar da forte presença de sindicatos (tradicionalmente pró-Hillary),
o apoio de quase 90% do
eleitorado negro, que foi
maioria, deu a vitória a ele.
O senador é também o
favorito dos que têm o Iraque como maior preocupação, já que, em 2003, Hillary aprovou sua invasão.
E, curiosamente, em todos os Estados que tiveram um "caucus" (assembléia de eleitores) em vez
de uma primária ontem,
Obama ganhou. (ANDREA MURTA)
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