São Paulo, quinta-feira, 07 de fevereiro de 2008

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Senadora concentra ataques em Bush e republicanos

Após Superterça, Hillary poupa Obama e foca McCain; candidata dá US$ 5 milhões à própria campanha após ver rival superá-la em doações

DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK

Disparando contra os republicanos, a presidenciável democrata Hillary Clinton fechou a noite da Superterça tentando se descolar da imagem de "mais do mesmo" em Washington, crítica recorrente dos adversários por ela ter passado oito anos na Casa Branca como primeira-dama. Bill Clinton estava lá, mas não discursou.
"Os republicanos querem mais oito anos do mesmo...", disse, sob aplausos, no palco do Manhattan Center Studios, em Nova York. "Eles vêem US$ 9 trilhões de dívida e dizem: "Por que não mais trilhões?" Vêem cinco anos no Iraque e dizem: "Por que não outros cem?'"
Foi uma referência ao republicano John McCain, que já declarou que vencerá o confronto no país árabe nem que seja preciso ficar um século lá.
A proximidade de Hillary com McCain, amigo dos Clinton, é alvo de críticas à senadora, que, segundo pesquisas, sairia-se pior do que Barack Obama enfrentando o republicano. Obama martela o argumento de que é preciso um candidato que "rivalize de fato" com McCain, não alguém com posições parecidas, como no voto pela invasão do Iraque.

Do próprio bolso
Com a competição no partido tão acirrada e o rival aumentando sua arrecadação à medida que vê suas chances crescerem, Hillary decidiu pôr US$ 5 milhões do próprio bolso, como "empréstimo", em sua campanha. "Emprestei porque creio fortemente nesta campanha", disse a jornalistas ontem. "Tivemos um volume grande de doações em janeiro, quebramos recordes, mas meu oponente conseguiu mais, e nós queremos ser competitivos."
Hillary, campeã de arrecadação até 31 de dezembro com US$ 118,3 milhões, contra US$ 103,8 milhões do rival, viu Obama levantar US$ 32 milhões no mês passado, contra os US$ 13,5 milhões de sua campanha.
O senador se beneficia de um número maior de pequenos doadores, que se renovam mais rápido do que os grandes e mantêm o fluxo de caixa.
Com um placar apertado na Superterça, que não deu a nenhum dos dois frente ampla para a candidatura, Hillary passou o dia falando mais de futuro do que da vitória sutil da véspera. Na Virgínia (101 delegados em jogo, no dia 12), disse que "é hora de olhar para frente".
A festa em Manhattan foi discreta do ponto de vista de quem circulava pela cidade. Ao contrário das celebrações em capitais menores, em Nova York não havia nem bandeira da campanha em frente ao prédio da festa. Para entrar, não bastava ser eleitor: era preciso ser eleitor de carteirinha, com inscrição feita pela internet com até dois dias de antecedência. "Tudo bem, vejo a Hillary na CNN", dizia Paula DuBois, 22, atriz aspirante à Broadway, depois de dar com a cara na porta.

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