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Senadora concentra ataques em Bush e republicanos
Após Superterça, Hillary poupa Obama e foca McCain; candidata dá US$ 5 milhões à própria campanha após ver rival superá-la em doações
DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK
Disparando contra os republicanos, a presidenciável democrata Hillary Clinton fechou
a noite da Superterça tentando
se descolar da imagem de "mais
do mesmo" em Washington,
crítica recorrente dos adversários por ela ter passado oito
anos na Casa Branca como primeira-dama. Bill Clinton estava lá, mas não discursou.
"Os republicanos querem
mais oito anos do mesmo...",
disse, sob aplausos, no palco do
Manhattan Center Studios, em
Nova York. "Eles vêem US$ 9
trilhões de dívida e dizem: "Por
que não mais trilhões?" Vêem
cinco anos no Iraque e dizem:
"Por que não outros cem?'"
Foi uma referência ao republicano John McCain, que já
declarou que vencerá o confronto no país árabe nem que
seja preciso ficar um século lá.
A proximidade de Hillary
com McCain, amigo dos Clinton, é alvo de críticas à senadora, que, segundo pesquisas, sairia-se pior do que Barack Obama enfrentando o republicano.
Obama martela o argumento
de que é preciso um candidato
que "rivalize de fato" com
McCain, não alguém com posições parecidas, como no voto
pela invasão do Iraque.
Do próprio bolso
Com a competição no partido tão acirrada e o rival aumentando sua arrecadação à medida que vê suas chances crescerem, Hillary decidiu pôr US$ 5
milhões do próprio bolso, como
"empréstimo", em sua campanha. "Emprestei porque creio
fortemente nesta campanha",
disse a jornalistas ontem. "Tivemos um volume grande de
doações em janeiro, quebramos recordes, mas meu oponente conseguiu mais, e nós
queremos ser competitivos."
Hillary, campeã de arrecadação até 31 de dezembro com
US$ 118,3 milhões, contra US$
103,8 milhões do rival, viu Obama levantar US$ 32 milhões no
mês passado, contra os US$
13,5 milhões de sua campanha.
O senador se beneficia de um
número maior de pequenos
doadores, que se renovam mais
rápido do que os grandes e
mantêm o fluxo de caixa.
Com um placar apertado na
Superterça, que não deu a nenhum dos dois frente ampla para a candidatura, Hillary passou o dia falando mais de futuro
do que da vitória sutil da véspera. Na Virgínia (101 delegados
em jogo, no dia 12), disse que "é
hora de olhar para frente".
A festa em Manhattan foi discreta do ponto de vista de quem
circulava pela cidade. Ao contrário das celebrações em capitais menores, em Nova York
não havia nem bandeira da
campanha em frente ao prédio
da festa. Para entrar, não bastava ser eleitor: era preciso ser
eleitor de carteirinha, com inscrição feita pela internet com
até dois dias de antecedência.
"Tudo bem, vejo a Hillary na
CNN", dizia Paula DuBois, 22,
atriz aspirante à Broadway, depois de dar com a cara na porta.
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