São Paulo, sábado, 7 de fevereiro de 1998

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ÁFRICA DO SUL
Para presidente, "discriminação positiva' visa a igualdade
Mandela desafia brancos com medidas que favorecem negros

das agências internacionais

O presidente da África do Sul, Nelson Mandela, afirmou ontem que seguirá o caminho da "discriminação positiva" a favor dos negros para corrigir a desigualdade racial no país. Disse que dedicará os últimos dois anos de seu mandato à busca da igualdade econômica entre a maioria negra e a minoria branca.
Mandela discursou na Cidade do Cabo, na abertura das atividades parlamentares de 1998. Ressaltou que é preciso dar oportunidades a toda a sociedade para conseguir enterrar a herança do regime segregacionista do apartheid.
"A discriminação positiva é uma ação para corrigir, e não há outro caminho para acabar com a discriminação racial", afirmou.
Ele defendeu o projeto de "Legislação sobre Emprego e Igualdade", que favorece grupos raciais mais pobres através de incentivos e quotas de emprego.
A tramitação da nova lei trouxe de volta ao plano político o debate da questão racial.. O Congresso Nacional Africano (CNA, partido de Mandela) vem sendo acusado de "neo-racismo" pelos partidos da oposição branca.
"O governo não renunciará à ação afirmativa (política de favorecimento racial) pela pressão dos egoístas que defendem seus privilégios enquanto o resto vive na pobreza", disse Mandela.
O primeiro presidente negro do país retomou ontem o tom áspero de crítica aos brancos adotado no final de 1997, durante o pronunciamento de despedida da liderança do CNA.
Na ocasião, a elite econômica branca contra-atacou, acusando Mandela de estar incitando conflitos raciais.




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