São Paulo, sexta-feira, 07 de março de 2008

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Condoleezza quer Brasil como negociador

Secretária americana, que chega ao país no dia 13, pedirá a Brasília que continue tentando reaproximar Quito e Bogotá

Washington, aliado da Colômbia, discorda de que tenha havido violação de soberania no ataque ao território equatoriano

Mauricio Dueñas/France Presse
Estudantes colombianos levam retratos de pessoas assassinadas no conflito civil do país durante a marcha em Bogotá, convocada pelas forças da oposição a Uribe

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, aproveitará a visita que fará ao Brasil na semana que vem para discutir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o chanceler Celso Amorim e a crise da Colômbia com o Equador e a Venezuela. A idéia é pedir que o país assuma um papel de negociador entre as partes.
Os dois países têm posições conflitantes em pelo menos um aspecto da questão. O Brasil concorda com resolução de anteontem da OEA, segundo a qual o território de um Estado é inviolável e não pode ser ocupado por outro Estado, seja qual for o motivo. Já os EUA insistiram nos bastidores das reuniões da OEA que não acreditam ter havido invasão.
Ainda assim, Washington vê no governo Lula o mediador mais indicado para a questão. Indagado ontem em coletiva sobre se esse seria o principal assunto da viagem, o porta-voz da chancelaria procurou relativizar sua importância na agenda. "Creio que é um assunto que surgirá, mas eu certamente não espero que vá dominar a conversa", disse Tom Casey.
Para a Embaixada do Brasil nos EUA, também, a agenda é mais variada. "A visita se insere no contexto de ampliação do diálogo político do Brasil com os EUA e na intensificação da cooperação econômico-comercial", disse à Folha o embaixador Antonio Patriota. A viagem, que começa na quinta, dia 13, em Brasília e prossegue no dia seguinte em Salvador estava programada para antes de a crise sul-americana estourar.

Biocombustíveis
Na pauta oficial do encontro está a agenda de sempre dos dois países, encabeçada por biocombustíveis. Na Bahia, Rice será recebida pelo governador Jacques Wagner e conversará sobre a implantação de uma agenda conjunta contra a discriminação racial. Na seqüência, segue para o Chile.
Em evento ontem da Otan em Bruxelas, a chanceler americana elogiou a via diplomática, mas avisou que os países precisam estar "alertas" quanto à presença de organizações terroristas em suas fronteiras.
"Espero que haja uma saída diplomática para a questão", afirmou. "A OEA se envolveu, nós nos envolvemos bilateralmente, os países na região se envolveram. Mas, é claro, isso mostra realmente que todos precisam estar alertas quanto ao uso das áreas de fronteira por organizações terroristas como as Farc", emendou.
À tarde, o porta-voz Tom Casey havia desferido uma estocada no governo venezuelano. "Nós, como, creio, a maioria dos países da região, estamos intrigados com a insistência por parte da Venezuela em tentar se inserir numa questão que não lhes diz respeito."
Para Casey, a única preocupação de Caracas deveria ser a "possibilidade e a probabilidade" de as Farc também terem usado a Venezuela para operações contra a Colômbia.


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