|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lula ignorou telefonemas de Chávez
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA COLUNISTA DA FOLHA
Além de articular a Argentina e o Chile como
"bombeiros", o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva
acertou com eles isolar o
venezuelano Hugo Chávez
e o americano George W.
Bush do conflito Colômbia-Equador.
Chávez condenou a Colômbia e deslocou tropas à
fronteira. Bush defendeu a
invasão do Equador, quando a não-violação territorial é um pilar das relações
internacionais. Os dois são
considerados os "incendiários" da crise.
Desde o último fim de
semana, Chávez vem tentando falar com Lula. O
presidente brasileiro, porém, ignorou os chamados
do venezuelano, mas conversou com o colombiano
Álvaro Uribe, com o equatoriano Rafael Correa,
com as presidentes do
Chile, Michelle Bachelet, e
da Argentina, Cristina
Kirchner, entre outros.
O discurso do Brasil é
que a crise aberta com o
ataque da Colômbia para
aniquilar um acampamento das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da
Colômbia) no Equador é
uma "questão bilateral". O
temor era de que Chávez e
Bush polarizassem o confronto, transformando a
crise em regional ou até
internacional.
Por isso, por exemplo,
Lula recusou proposta feita pelo venezuelano de
convocar uma reunião extraordinária do Mercosul.
A leitura do Planalto é que
Chávez, ao fazer a proposta, queria um palanque para atacar Uribe, o que não
contribuiria para uma solução negociada.
Lula recusou a proposta
alegando que Equador e
Colômbia não são membros do Mercosul e que a
Venezuela está em processo de admissão ao grupo.
A opção de Lula é uma
mediação para o conflito
na OEA (Organização dos
Estados Americanos),
com envio de uma comissão ao local do ataque, que
deve conter o impulso retórico de Uribe e Correa e
criar versão "independente" às que Colômbia e
Equador apresentam sobre o ataque às Farc.
Texto Anterior: Condoleezza quer Brasil como negociador Próximo Texto: Amorim se vê protagonista de "diplomacia do pingue-pongue" Índice
|