São Paulo, sexta-feira, 07 de março de 2008

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Lula ignorou telefonemas de Chávez

VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA COLUNISTA DA FOLHA

Além de articular a Argentina e o Chile como "bombeiros", o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acertou com eles isolar o venezuelano Hugo Chávez e o americano George W. Bush do conflito Colômbia-Equador.
Chávez condenou a Colômbia e deslocou tropas à fronteira. Bush defendeu a invasão do Equador, quando a não-violação territorial é um pilar das relações internacionais. Os dois são considerados os "incendiários" da crise.
Desde o último fim de semana, Chávez vem tentando falar com Lula. O presidente brasileiro, porém, ignorou os chamados do venezuelano, mas conversou com o colombiano Álvaro Uribe, com o equatoriano Rafael Correa, com as presidentes do Chile, Michelle Bachelet, e da Argentina, Cristina Kirchner, entre outros.
O discurso do Brasil é que a crise aberta com o ataque da Colômbia para aniquilar um acampamento das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) no Equador é uma "questão bilateral". O temor era de que Chávez e Bush polarizassem o confronto, transformando a crise em regional ou até internacional.
Por isso, por exemplo, Lula recusou proposta feita pelo venezuelano de convocar uma reunião extraordinária do Mercosul. A leitura do Planalto é que Chávez, ao fazer a proposta, queria um palanque para atacar Uribe, o que não contribuiria para uma solução negociada.
Lula recusou a proposta alegando que Equador e Colômbia não são membros do Mercosul e que a Venezuela está em processo de admissão ao grupo.
A opção de Lula é uma mediação para o conflito na OEA (Organização dos Estados Americanos), com envio de uma comissão ao local do ataque, que deve conter o impulso retórico de Uribe e Correa e criar versão "independente" às que Colômbia e Equador apresentam sobre o ataque às Farc.


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