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São Paulo, segunda-feira, 07 de abril de 2003

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FRENTE SUL

Liderança do Partido Baath caiu e quartel-general de fedayin foi destruído, diz Reino Unido

Britânicos chegam ao centro de Basra

DA REDAÇÃO

Forças britânicas entraram ontem em Basra, maior cidade do sul do Iraque, que estava cercada há cerca de duas semanas, derrubando a liderança do Partido Baath e destruindo o quartel-general de uma milícia leal ao ditador Saddam Hussein, disse um porta-voz do Exército do Reino Unido. Três soldados britânicos morreram.
Uma coluna de mais de 40 veículos blindados e tanques entrou na cidade, de mais de 1,2 milhão de habitantes. Apesar do aparente êxito da operação de ontem, as forças do Reino Unido ainda não asseguraram o controle total da cidade, onde há combatentes leais ao regime escondidos em meio à população.
O general britânico Peter Wall disse estar confiante que as forças britânicas poderiam ir a qualquer local da cidade, desde que dentro de um tanque. Mas ainda não seria possível entrar nas ruas estreitas do centro, onde só é possível caminhar a pé.
A 7ª Brigada Blindada iniciou um ataque a partir do oeste e chegou ao centro após vários confrontos, que deixaram um número ainda não determinado de combatentes paramilitares iraquianos mortos.
Al Lockwood, porta-voz das forças britânicas no golfo Pérsico, afirmou ontem à tarde que membros da 3ª Brigada Blindada vindos do sul se juntaram à brigada, conhecida como "Ratos do Deserto", e estavam nas margens da parte antiga de Basra.
Lockwood disse acreditar que as forças britânicas estavam na cidade para ficar, encorajadas após ter encontrado "pouca resistência" em sua incursão. "Creio que elas não pretendem sair novamente. Creio que agora, quando tivermos a cidade em nossas mãos, ficaremos lá", afirmou.
Essa foi a incursão mais profunda que as forças britânicas já fizeram em Basra. Anteriormente, os militares do Reino Unido realizavam ataques e incursões a partir de posições na periferia da cidade.
Segundo a TV árabe Al Jazeera, cerca de 25 tanques e veículos blindados estavam patrulhando as ruas da cidade. Pessoas podiam ser vistas retirando móveis da sede do Partido Baath, de Saddam, mas não ficou claro se elas eram integrantes do partido ou se estavam saqueando o edifício. Um helicóptero e aviões militares sobrevoavam baixo a cidade.
Lockwood disse que a liderança do Partido Baath em Basra caiu.
O porta-voz da Guarda Real Britânica dos Dragões Escoceses, Roger MacMillan, afirmou que soldados explodiram um quartel-general dos fedayin, paramilitares leais a Saddam Hussein.
"Fizemos uma incursão em Basra para destruir um conhecido quartel-general dos fedayin. Conseguimos arrombar o portão e entrar. Permaneceremos lá dentro", disse MacMillan.
Outro oficial militar britânico, que não quis se identificar, citado pela agência Associated Press, afirmou que de 30 a 40 posições dos fedayin haviam sido destruídas por um grupo de comandos e esquadrões de tanques. Combatentes fedayin desesperados, disse ele, estavam invadindo casas de habitantes como esconderijos.
Forças britânicas admitiram que ainda não controlavam totalmente a cidade ontem, mas disseram ter conseguido estabelecer uma base em uma escola técnica que fora tomada na quinta-feira.
"Realmente, não queremos o controle", disse Wall. "Queremos criar as condições para que o controle seja passado do partido Baath para as pessoas que deveriam tê-lo por direito."
O Ministério da Defesa do Reino Unido afirmou que três soldados foram mortos durante as operações em Basra ontem, mas só identificou um deles: Kelan John Turrington, 18.
Segundo a imprensa britânica, Lockwood teria afirmado que a decisão de entrar em Basra foi tomada em parte por causa de relatos na mídia árabe de que a liderança política na cidade queria se render, mas estava esperando a queda de Bagdá para fazê-lo.
As reportagens também diziam que Lockwood afirmara que relatos de saques em Basra -um sinal do enfraquecimento do controle do partido Baath- também estimularam a ação.

"Ali Químico"
Militares dos EUA afirmaram ter encontrado o corpo do guarda-costas do comandante Ali Hassan al Majid, conhecido como "Ali Químico", mas o Iraque descartou relatos de que o próprio Al Majid teria morrido em um bombardeio pelos EUA de sua casa em Basra anteontem.
Al Majid é conhecido como "Ali Químico" por ordenar um ataque com gás tóxico que matou milhares de curdos em 1988. Ele faz parte do círculo mais próximo de Saddam e é o encarregado pela frente sul no Iraque.
Questionado se Al Majid morreu no ataque de sábado, o ministro da Informação do Iraque, Mohammed Said al Sahaf, disse em Bagdá: "Deixem-nos [os EUA" com suas ilusões".


Com agências internacionais



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