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IRAQUE OCUPADO
Em Ramadi, ataques podem ter matado até 12 marines; soldados de países aliados dos EUA também são alvos
Sunitas e xiitas atacam forças da coalizão
DA REDAÇÃO
A coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos sofreu
uma série de duros ataques ontem em várias regiões do Iraque.
Os confrontos foram tanto contra
insurgentes sunitas quanto contra
xiitas, que desde domingo iniciaram um levante, o que dificulta
ainda mais o cumprimento do
cronograma estabelecido pelos
americanos de restituir a soberania iraquiana em 30 de junho.
Um funcionário do Departamento da Defesa dos EUA disse
que "um número significativo" de
marines, talvez até 12, morreu em
ataque desferido perto do palácio
do governador em Ramadi, na
Província de Anbar. Segundo fontes do governo, os insurgentes sofreram "pesadas" perdas. Não havia informações sobre a que grupos pertenceriam os agressores
nem se o ataque estava relacionado com a batalha que se desenrolava na vizinha Fallujah.
Nesta cidade, onde na semana
passada houve o brutal assassinato e a mutilação dos corpos de
quatro americanos, colunas de
marines, com a proteção de helicópteros, se deslocaram até a área
central, mas tiveram de sair antes
do anoitecer devido à forte resistência encontrada.
No final do dia, foguetes disparados por aviões americanos destruíram quatro casas. O médico
Rafie al Issawi disse que os corpos
de 26 iraquianos foram levados ao
hospital de Fallujah após os ataques aéreos.
Xiitas
O levante xiita continua se expandindo. Ontem, Karbala e Kut
também registraram incidentes.
Um assistente do clérigo radical
Moqtada al Sadr, líder da rebelião,
disse que o movimento irá continuar até que as tropas estrangeiras saiam das zonas urbanas e os
prisioneiros sejam libertados.
"Essa insurreição mostra que o
povo iraquiano não está satisfeito
com a ocupação e não irá aceitar a
opressão", afirmou Al Sadr em
comunicado lido por um assessor.
Al Sadr anunciou que iria sair
da mesquita em que estava na cidade de Kufa por temer que o local fosse danificado por tropas
americanas. Os americanos
anunciaram que iriam prender Al
Sadr -acusado de estar envolvido no assassinato do clérigo Abdul Majid al Khoei, em 2003-,
mas não fizeram movimentos
nesse sentido.
Ao partir para o confronto aberto com os Estados Unidos, Al Sadr
ao mesmo tempo desafia a estratégia pacífica que havia sido adotada por outros líderes mais proeminentes da comunidade xiita.
Al Sadr, 30, sabe que não tem
condições de se equiparar à autoridade religiosa do principal clérigo xiita iraquiano, o aiatolá Ali al
Sistani. Mesmo assim, não hesita
em ignorar o apelo à calma manifestado por seguidores do aiatolá.
A exibição de força de Al Sadr é
um problema não apenas para as
forças americanas, mas também
para os líderes políticos xiitas que
têm assento no Conselho de Governo Iraquiano. Sancionado pelos EUA, o órgão é visto por Al
Sadr como ilegítimo.
Al Sadr, com sua milícia Exército Mehdi, está, na prática, contestando a autoridade de Ibrahim
Jaafari, do Partido Xiita Daawa, e
de Abdul Aziz al Hakim, do Conselho Supremo para a Revolução
Islâmica no Iraque (CSRII), o
maior partido xiita do país -líderes que retornaram do exílio após
a derrubada de Saddam Hussein.
Hamid al Bayati, porta-voz do
CSRII, afirma que o grupo religioso quer manter relações pacíficas
com as forças de ocupação. "É a
primeira vez que vemos violência
entre xiitas e a coalizão. É uma escalada perigosa", disse Al Bayati.
O establishment xiita expressou
suas reservas à Constituição interina aprovada pelo Conselho de
Governo Iraquiano no mês passado, mas prefere apostar no caminho das eleições, previstas para o
ano que vem.
Como os xiitas representam
60% da população iraquiana, seus
principais líderes religiosos acreditam que chegarão ao poder pelo
voto, sem a necessidade de recorrer à violência. Alarmados, xiitas
moderados querem que Al Sadr
contenha-se, a fim de evitar que
aconteça, dentro do grupo, a mesma violência que predomina no
Triângulo Sunita -região onde
se concentra a maior resistência
pró-Saddam (que é sunita).
Choques
Além das baixas registradas em
Ramadi, o Exército americano informou que três soldados e cinco
marines morreram desde anteontem. Os soldados foram mortos
em incidentes diferentes na periferia de Bagdá, e os marines, na
Província de Anbar.
Em Nassiriah, 15 iraquianos foram mortos quando milicianos
atacaram tropas italianas que patrulhavam as ruas e pontes sobre
o Eufrates. Um motorista de caminhão búlgaro morreu quando
um comboio foi atacado.
A base militar búlgara em Karbala foi submetida a pesado ataque por forças dos insurgentes.
Tropas espanholas e polonesas
também entraram em choques.
Dois soldados poloneses e cinco
búlgaros ficaram feridos. Em Kut,
um soldado ucraniano morreu e
cinco ficaram feridos após ataque
contra um veículo blindado.
As forças britânicas foram alvo
de rebeldes em Amarah. Não foi
registrada a morte de nenhum
soldado da coalizão, mas houve 15
vítimas iraquianas.
Com agências internacionais
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