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"É o Vietnã de Bush", diz Ted Kennedy
DA REDAÇÃO
Em sincronia com o levante xiita, ressurgem com mais força nos
Estados Unidos as comparações
entre o Iraque e o Vietnã. O senador democrata por Massachusetts
Ted Kennedy, um dos maiores
críticos do presidente republicano George W. Bush, disse que "o
Iraque é o Vietnã" de Bush.
"Esse presidente criou a maior
fissura de credibilidade desde que
Richard Nixon destruiu o laço básico de confiança com o público
americano", disse o senador, referindo-se ao presidente (1969-75)
que renunciou após o escândalo
de Watergate, em que republicanos espionaram democratas.
O secretário de Estado, Colin
Powell, disse que Kennedy "devia
ser um pouco mais cauteloso em
seus comentários, porque estamos em guerra". "O debate é
apropriado, e essa é a beleza do
nosso sistema, aberto e democrático, mas creio que também é hora de unir a nação no desafio que
enfrentamos no Iraque, no Afeganistão e em outros lugares do
mundo", acrescentou Powell.
Cerca de 58 mil soldados americanos morreram no Vietnã desde
que tropas começaram a ser mandadas para o país asiático no meio
da década de 60 -a guerra acabou só em 1975. Os protestos da
população contra a participação
americana no conflito foram decisivos para a vitória do republicano Nixon na eleição presidencial
de 1968 (a guerra foi iniciada durante um governo democrata).
No Iraque, até agora, morreram
menos de 650 militares americanos. Mas a possibilidade de envio
de mais tropas ao país por causa
da violência incontrolável lembra
o crescente envolvimento dos
EUA no Vietnã.
O porta-voz da Casa Branca,
Scott McClellan, disse que Bush
vai deixar aos comandantes militares a decisão sobre um eventual
aumento do número de tropas.
Os EUA têm atualmente cerca de
130 mil homens no país.
No Reino Unido, auxiliares de
Tony Blair informaram que o premiê viajará a Washington na semana que vem para discutir a situação do Iraque com Bush.
O virtual candidato democrata
na eleição presidencial dos EUA
em novembro, John Kerry, fez
novas críticas à Casa Branca.
Kerry disse que o governo errou
ao marcar uma data arbitrária para a devolução da soberania aos
iraquianos e sugeriu que a decisão
tenha sido tomada por razões políticas. "Espero que a data não tenha nada a ver com a eleição aqui
nos EUA."
O jornal "The New York Times"
também criticou Bush no editorial "Obsessão com o calendário".
"Seria estimulante ver o presidente gastando menos tempo defendendo seu cronograma e mais
tempo preparando uma real
transferência de poder. Especificamente, criar um plano que traga a ONU de volta ao país".
Vietnã
Terry Anderson, historiador da
Universidade A&M do Texas que
estudou a opinião pública durante a Guerra do Vietnã, disse que
cerca de dois terços do público
americano apoiavam a guerra em
1965 e que somente depois de dois
anos houve o surgimento de um
grande movimento antiguerra.
"No atual conflito, tivemos dezenas de milhares de pessoas
saindo às ruas em protestos antes
de Bush ter dado a ordem para o
ataque. Agora, mais pessoas estão
começando a ver o Iraque como
um atoleiro. Elas acham que estamos sendo impelidos a uma situação que não tem uma estratégia
de saída", afirmou Anderson.
Com agências internacionais
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