São Paulo, terça-feira, 07 de maio de 2002

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PERFIL

Ascensão política foi meteórica

DA REDAÇÃO

Pim Fortuyn, assassinado ontem aos 54 anos, trilhava uma meteórica carreira política. Populista, vinha ganhando apoio com um discurso de extrema direita baseado no ataque aos imigrantes muçulmanos e na crítica aberta aos partidos tradicionais.
Ex-professor de sociologia, Fortuyn dizia que seu destino era se tornar o primeiro premiê reconhecidamente homossexual da Holanda. Seu nome começara a ganhar força há três meses.
Em março, seu partido, Roterdã Habitável, conquistou 35% dos votos nas eleições municipais de Roterdã, dominando a Câmara da segunda maior cidade holandesa. Sob a denominação de Lista Pim Fortuyn, o partido -na verdade um conglomerado de militantes que simpatizavam com as idéias de seu líder- pode ganhar 25 das 150 cadeiras do Parlamento nacional nas eleições do dia 15, segundo pesquisas de opinião, tornando-se uma das três grandes forças políticas do país.
Fortuyn costumava dizer que a criminalidade e a imigração haviam "fugido do controle". "Acredito que 16 milhões de holandeses é suficiente. O país está cheio."
Num de seus comentários mais controversos, chamou a cultura islâmica de retrógrada. "Para os muçulmanos, como homossexual sou menos que um porco. Tenho orgulho de poder admitir minha homossexualidade na Holanda", disse Fortuyn. "Se eu tivesse os meios legais, eu diria: mais nenhum muçulmano será aceito."
De visual excêntrico, raspava a cabeça como um skinhead, fumava charutos, vestia ternos italianos e circulava dentro de um carro Daimler com motorista, acompanhado de seus dois cachorrinhos, Kenneth e Carla.
Tornou-se conhecido como colunista de uma revista, em que expunha a sua visão contrária ao establishment. Pregava a repressão contra o crime organizado, redução da imigração, reintrodução do serviço militar obrigatório e a diminuição da burocracia estatal.
Seus opositores o chamavam de racista. Comparavam-no com Jörg Haider, líder da extrema direita austríaca que elogiou aspectos do governo nazista de Hitler. Tinham motivos para fazer a comparação: Fortuyn chegou a advogar a revogação do primeiro artigo da Constituição, que proíbe todo tipo de discriminação.
Agradava principalmente aos jovens: 20% da população de 18 a 24 anos pretendia votar nele.


Com agências internacionais

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