|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Frente Nacional quer aliança com direita
DE PARIS
A Frente Nacional, partido de
extrema direita do candidato derrotado Jean-Marie Le Pen, sugeriu ontem ao bloco de direita comandado pelo presidente reeleito
Jacques Chirac que os dois se
unam para vencer a esquerda nas
eleições legislativas de junho.
O homem número dois da
Frente Nacional (FN), Bruno
Gollnish, delegado geral do partido, insinuou que a associação é a
melhor coisa a ser feita pelo novo
primeiro-ministro Jean-Pierre
Raffarin e por "aqueles que não
querem uma nova coabitação socialista-comunista".
"Se Raffarin prefere ser o primeiro-ministro com o mandato
mais curto da Quinta República,
se suicidar politicamente em benefício da esquerda, é seu problema", disse Gollnish.
Raffarin só permanecerá no governo caso a centro-direita ao
qual pertence consiga maioria
parlamentar nas legislativas.
Os socialistas estão tentando renovar a coalizão com outros partidos de esquerda, como os comunistas e os verdes, para enfrentar a
direita. Um acordo era esperado
ontem à noite. Nos últimos cinco
anos, uma coalizão de esquerdas
sustentou o governo do primeiro-ministro socialista Lionel Jospin,
que deixou o cargo ontem.
A associação da extrema direita
com a direita, que é improvável
em termos gerais, não seria novidade em casos particulares. Em
1998, prefeitos da Democracia Liberal (DL) fizeram acordos com a
FN para chegar ao poder.
A preocupação com as eleições
legislativas espalhou-se agora pelos partidos franceses. Para o ex-primeiro-ministro Alain Juppé
(RPR, partido de Chirac), o desafio das eleições legislativas é dar
ao presidente francês "meios de
governar", evitando "cair numa
situação de paralisia que seria
uma nova coabitação" com a esquerda.
Após a derrota de seu candidato, a FN deixou de preocupar tanto, mas ainda pode incomodar
em alguns dos 577 distritos eleitorais francesas -sobretudo no sudoeste da França. Em certas partes dessa região, Le Pen obteve
mais de 30% dos votos.
As eleições legislativas são realizadas em dois turnos (neste ano,
em 9 e 16 de junho). Nelas pode
haver três candidatos no segundo
turno, desde que eles tenham alcançado 12,5% dos votos -são as
chamadas eleições "triangulares".
Nas últimas legislativas, em
1997, a FN elegeu apenas um deputado, que não assumiu. Pesquisa de opinião realizada pelo instituto Sofres indicou que a extrema
direita deve conquistar no máximo três cadeiras na Assembléia de
577 deputados.(AL)
Texto Anterior: França: Chirac nomeia "desconhecido" como premiê Próximo Texto: Líder socialista defende reformas na esquerda Índice
|