São Paulo, terça-feira, 07 de maio de 2002

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Frente Nacional quer aliança com direita

DE PARIS

A Frente Nacional, partido de extrema direita do candidato derrotado Jean-Marie Le Pen, sugeriu ontem ao bloco de direita comandado pelo presidente reeleito Jacques Chirac que os dois se unam para vencer a esquerda nas eleições legislativas de junho.
O homem número dois da Frente Nacional (FN), Bruno Gollnish, delegado geral do partido, insinuou que a associação é a melhor coisa a ser feita pelo novo primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin e por "aqueles que não querem uma nova coabitação socialista-comunista".
"Se Raffarin prefere ser o primeiro-ministro com o mandato mais curto da Quinta República, se suicidar politicamente em benefício da esquerda, é seu problema", disse Gollnish.
Raffarin só permanecerá no governo caso a centro-direita ao qual pertence consiga maioria parlamentar nas legislativas.
Os socialistas estão tentando renovar a coalizão com outros partidos de esquerda, como os comunistas e os verdes, para enfrentar a direita. Um acordo era esperado ontem à noite. Nos últimos cinco anos, uma coalizão de esquerdas sustentou o governo do primeiro-ministro socialista Lionel Jospin, que deixou o cargo ontem.
A associação da extrema direita com a direita, que é improvável em termos gerais, não seria novidade em casos particulares. Em 1998, prefeitos da Democracia Liberal (DL) fizeram acordos com a FN para chegar ao poder.
A preocupação com as eleições legislativas espalhou-se agora pelos partidos franceses. Para o ex-primeiro-ministro Alain Juppé (RPR, partido de Chirac), o desafio das eleições legislativas é dar ao presidente francês "meios de governar", evitando "cair numa situação de paralisia que seria uma nova coabitação" com a esquerda.
Após a derrota de seu candidato, a FN deixou de preocupar tanto, mas ainda pode incomodar em alguns dos 577 distritos eleitorais francesas -sobretudo no sudoeste da França. Em certas partes dessa região, Le Pen obteve mais de 30% dos votos.
As eleições legislativas são realizadas em dois turnos (neste ano, em 9 e 16 de junho). Nelas pode haver três candidatos no segundo turno, desde que eles tenham alcançado 12,5% dos votos -são as chamadas eleições "triangulares".
Nas últimas legislativas, em 1997, a FN elegeu apenas um deputado, que não assumiu. Pesquisa de opinião realizada pelo instituto Sofres indicou que a extrema direita deve conquistar no máximo três cadeiras na Assembléia de 577 deputados.(AL)


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