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Jornal publica sua própria crise com destaque
DE NOVA YORK
Uma chamada em duas colunas
no alto de sua capa, pouco mais
de uma página inteira dentro, o
principal editorial do dia.
Assim foi a cobertura dada pelo
"New York Times" na edição de
ontem à sua própria crise.
Assinado pelo jornalista responsável por cobrir a área de mídia, Jacques Steinberg, o texto
principal sobre a mudança no comando da Redação foi intitulado
"Dois principais editores do Times pedem demissão após furor
por fraude de repórter".
Steinberg escreveu na primeira
página que seus ex-chefes estavam deixando a casa depois de
"eventos que expuseram fissuras
na administração e no moral da Redação".
Outras três reportagens completavam a cobertura dada pelo
"Times" ao evento interno.
Uma delas traçava o perfil dos
dois ex-editores do jornal, sob o
título "Uma trajetória formidável
[deixada] inacabada por escândalo e descontentamento".
Um quadro mostrava a história
do cargo de editor-executivo do
"Times", criado em 1964 e desde
então ocupado por seis pessoas.
Outro texto relatava o escolhido
para ocupar o cargo interinamente, Joseph Lelyveld, que respondeu pela função de 1994 a 2001 e
que fora justamente o antecessor
de Howell Raines.
Por fim, uma reportagem sob o
título "Anunciantes e Wall Street
vêem fim do tumulto" trazia as
reações à saída dos dois principais
editores do "Times" após o escândalo deflagrado pelo repórter Jayson Blair -que se demitiu no
mês passado, quando o diário
descobriu que ele andara inventando informações.
Mas as ações da companhia que
publica o jornal voltaram a cair
ontem na Bolsa de Nova York. Fecharam o pregão 0,75% mais baratas do que no dia anterior, o do
anúncio das demissões -quando
já haviam caído 0,8%.
Em seu principal editorial, o jornal abordou a crise dizendo que
ela será positiva no longo prazo.
"O sacrifício [de Raines e de Gerald Boyd] nos dá uma razão a
mais para trabalhar em direção ao
objetivo perpétuo da reportagem
perfeita", opinou o jornal.
Antes de assumir o comando da
Redação, Raines era justamente o
responsável pelos editoriais do
"Times", algo que foi lembrado
ontem no mesmo espaço.
"Sob seu mandato, houve ocasiões em que o comitê editorial
pediu que um diretor público ou
privado renunciasse. Algumas vezes, os funcionários eram pessoas
de distintos méritos anteriores, e
às vezes as tempestades que surgiram sobre suas cabeças não resultaram primeiramente de seus
atos. Mas a luta de um líder para
retomar o controle pode tirar
energia da instituição que ele está
tentando liderar", disse o editorial
do jornal.
Ontem, Lelyveld, seu substituto,
foi apresentado à Redação lendo
um discurso de dez minutos. Disse que as metáforas de futebol
americano -preferência de Raines- dão lugar agora às de beisebol -mais a seu gosto.
(RD)
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