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MÍDIA
"NY Post", jornal de Murdoch, ironiza a crise no diário após fraudes; "Wall Street Journal" vê problemas de credibilidade
Concorrentes atacam o "New York Times"
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
Concorrentes do diário "The
New York Times" aproveitaram a
notícia da demissão de seus dois
principais editores para atacar
duramente o jornal.
Dois tablóides nova-iorquinos
chamaram-no de "jornal dos destroços" ("paper of wreckage", parodiando a expressão "paper of
record", algo como "jornal de registro histórico", frequentemente
utilizada como aposto ao nome
do diário).
O mais virulento golpe veio do
"New York Post", controlado pelo
empresário de origem australiana
Rupert Murdoch.
Em sua capa, o jornal publicou
um irônico e crítico anúncio de
classificado em busca de candidatos para a vaga de Howell Raines,
que deixou anteontem o cargo de
editor-chefe do "Times" após crise interna deflagrada por fraudes
em reportagens do jornal.
O texto do anúncio definiu assim as características procuradas:
"Editor-executivo para jornal de
registro histórico baseado em
Manhattan. Francófilo esquerdista com obsessão pela diversidade
e jeito para tapar buracos de circulação. Alérgico a republicanos.
Tolerância a altos impostos é necessária. Criticismo à América é
adicional. Respeito pelos fatos é
opcional".
A atitude do tablóide complementa um ataque recentemente
desferido por outra publicação de
Murdoch, a revista "Weekly Standard" -esta voltada para um público mais qualificado e hoje considerada a leitura preferida no governo americano.
Sob o título "O próximo grande
jornal da América", William Kristol, uma das principais cabeças do
neoconservadorismo do país, defendeu a tese de que o "Times"
não estaria à altura do grande diário de que os EUA precisariam.
"As últimas semanas deixaram
claro que não há nenhuma esperança real de que o "Times", sob
seu atual regime, possa se tornar
esse jornal", disse Kristol.
Escrito antes da saída de Raines
e do secretário de Redação, Gerald Boyd, o texto dizia que nem
mesmo a demissão dos dois seria
capaz de consertar o jornal. "Tudo que sabemos sobre Sulzberger
sugere que sua próxima escolha
não significaria avanço. A mudança fundamental de regime no
"Times" não está nas cartas. O "Times" é incorrigível. A questão é se
um novo jornal de registro histórico vai substituí-lo."
Além das publicações de Murdoch, o diário sofreu críticas ontem também de um importante
concorrente, o jornal "The Wall
Street Journal".
"Como competidor, tínhamos
nos mantido circunspectos sobre
os recentes conflitos no "New
York Times". Mas a demissão de
seus dois principais editores ontem é uma chance de discutir padrões de jornalismo em geral", escreveu o "WSJ" em editorial.
O diário reclamou principalmente do que considera notícias
enviesadas publicadas pelo mais
famoso jornal americano.
"Nossa visão é que o que temos
vistos em sua primeira página nos
últimos anos é menos reportagem
objetiva e mais jornalismo advocatório. Nesse sentido, o escândalo com as invenções de Jayson
Blair é sintomático de um problema maior de credibilidade que
não se vai com o sr. Raines."
Por outro lado, o "Times" recebeu afagos do "Chicago Tribune",
que escreveu em editorial: "A demissão dos dois principais editores do "New York Times" reflete
em grande medida quão seriamente as pessoas que trabalham
naquela instituição valorizam sua
credibilidade".
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