|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RELIGIÃO
Anglicanos de diversas partes do mundo ameaçam romper com a igreja após a confirmação de Robinson nos EUA
Nomeação de bispo gay irrita conservadores
DA REDAÇÃO
Anglicanos de várias partes do
mundo reagiram ontem duramente à confirmação de Gene Robinson, gay assumido, como bispo da denominação. A decisão de anteontem, por 62 votos a 45, do
conselho de bispos da Igreja Episcopal dos EUA (nome da Igreja
Anglicana no país) ameaça causar
a cisão do anglicanismo dentro e
fora dos EUA.
Ontem, durante a convenção
anual dos episcopais em Minneapolis, os conservadores protestaram abandonando o encontro e
conclamando os líderes do anglicanismo mundial a intervir na
"emergência pastoral".
Alguns delegados entregaram
as credenciais e viajaram de volta
a suas cidades. Outros se recusaram a participar de sessões de votação. Um grupo chegou a se ajoelhar e rezar enquanto líderes criticavam a confirmação do primeiro
bispo anglicano homossexual.
O número de manifestantes, no
entanto, não ficou muito claro.
Segundo o delegado Donald
Armstrong, que entregou sua credencial, cerca de 100 de um total
de mais de 800 delegados haviam
feito o mesmo, mas o número de
pessoas deixando a sessão principal de ontem foi bem menor.
Robinson, 56, que participa da
convenção anual acompanhado
de seu parceiro -com quem vive
há 13 anos-, disse ontem que espera que outras igrejas também
passem a aceitar clérigos homossexuais.
"Suponho que dentro de pouco
tempo outras igrejas venham a receber abertamente homossexuais
e lésbicas no seio de sua hierarquia", disse Robinson.
No mundo
A nomeação de Robinson sofre
oposição principalmente de líderes conservadores na Ásia e na
África, mas tem maior aceitação
nos países ocidentais (leia sobre o
Brasil nesta página).
Nos Estados Unidos existem
aproximadamente 2,3 milhões de
anglicanos; em todo o mundo, há
cerca de 77 milhões de fiéis. Ontem, líderes na Austrália, na Ásia e
na África criticaram a decisão da
igreja americana e ameaçaram
deixar a comunidade anglicana.
Na Austrália, o arcebispo Peter
Jensen disse que Robinson não
seria bem recebido em sua diocese e pediu que os oponentes nos
Estados Unidos combatessem a
decisão deixando de contribuir
para os cofres da igreja.
A Igreja da Nigéria, que reúne
17,5 milhões de fiéis, divulgou
uma nota afirmando que a confirmação de Robinson "trouxe muita tristeza e desapontamento".
A igreja nigeriana afirma que os
episcopais americanos "viraram
as costas para os claros ensinamentos da Bíblia sobre a sexualidade humana".
O arcebispo de Cantuária (Reino Unido), Rowan Williams, líder
mundial dos anglicanos, já começou ontem a tentar evitar defecções. Ele disse que a nomeação de
Robinson terá um "impacto significante", mas que é muito cedo
para fazer previsões.
"É minha esperança que a igreja, nos EUA e no restante da comunidade anglicana, tenha a
oportunidade de avaliar esse
acontecimento antes de tomar decisões importantes e definitivas
como resposta", disse Williams,
em nota distribuída após a confirmação de Robinson.
Os moderados anglicanos argumentam que não há risco de o anglicanismo sofrer um cisão.
Eles costumam lembrar que
houve o mesmo tipo de reação
nos anos 70, quando houve a ordenação das primeiras mulheres,
mas a ameaça de rompimento
nunca se concretizou.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Para especialistas, ondas de calor no mundo deverão se acentuar Próximo Texto: Bispo brasileiro apóia a decisão, mas a diocese do Recife a ataca Índice
|