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ÁSIA
Três militares e um policial indonésios, condenados por crimes contra a humanidade, tiveram sentenças revogadas em Jacarta
Tribunal livra 4 condenados por massacre em Timor
DA REDAÇÃO
Três militares e um policial indonésios tiveram suas sentenças
revogadas e foram absolvidos depois de terem apelado em uma
corte de Jacarta da condenação
por crimes de lesa-humanidade
durante a sangrenta guerra civil
iniciada em 1999 em Timor Leste.
Com as sentenças, definidas em
29 de julho, todos os oficiais da segurança indonésia ligados ao
morticínio ocorrido no território
timorense estão livres.
Após o referendo sobre a independência da ex-colônia portuguesa que havia sido ocupada pela Indonésia, campanhas de intimidação promovidas por tropas
indonésias e milícias locais causaram a morte de milhares de pessoas, a destruição de povoados e a
conversão de parte dos 830 mil
habitantes em refugiados.
A Indonésia criou seus próprios
tribunais para julgar as matanças,
mas organizações defensoras dos
direitos humanos os descreveram
como uma "paródia", já que apenas seis dos 18 acusados foram
condenados por crimes contra a
humanidade a penas que variavam de três a dez anos de prisão.
As apelações foram julgadas em
sessões fechadas, e nenhum
anúncio público foi feito. Os juízes que presidiram os últimos julgamentos não comentaram a decisão. No entanto os juízes que
haviam dados os veredictos prévios se disseram frustrados. "Há
um ponto de interrogação em por
quê nossa decisão foi revogada",
declarou o juiz Binsar Goeltom.
Os quatro absolvidos -o general Adam Damiri, o ex-coronel
Nur Muis, o comandante-em-chefe Hulman Gultom e o tenente-coronel Sujarwo- haviam sido condenados por uma corte de
direitos humanos em Jacarta em
2002 e 2003, mas estavam aguardando o resultado da apelação em
liberdade.
A corte anunciou também ter
cortado pela metade a sentença de
dez anos de reclusão do líder miliciano Eurico Guterres, cujo nome
virou sinônimo de violência. Em
2002, quando Guterres foi julgado, ativistas dos direitos humanos
criticaram o veredicto por considerá-lo ameno. A pena foi a mínima para esse tipo de crime. Mesmo assim, a sentença de Guterres
havia sido a mais dura dos julgamentos de autoridades do governo e milicianos realizados pela
Justiça da Indonésia.
A Promotoria deve apelar à Suprema Corte das últimas sentenças. "As pessoas precisam ser responsabilizadas pelas violações
aos direitos humanos se existem
evidências contra elas", disse Ketut Murtika, diretor de direitos
humanos da Promotoria indonésia. Murtika afirmou que seu escritório ainda não havia sido informado oficialmente da decisão
da corte de apelações.
Para Nelson Santos, secretário-geral da Chancelaria timorense, o
processo ainda não chegou ao
fim. "Vamos esperar até que haja
uma conclusão. Só então nós poderemos declarar a posição de Timor Leste." O governo timorense
afirmou que respeita os processos
legais na Indonésia, mas que só
fará comentários após a Suprema
Corte dar o veredicto final.
Já a ONG Human Rights Watch
afirmou que "as decisões mostram que as cortes indonésias não
são independentes e são incapazes de fazer justiça pelas atrocidades cometidas em Timor Leste".
"A Indonésia não deu outra escolha à comunidade internacional a
não ser iniciar um mecanismo de
Justiça para julgar esses crimes
aterradores."
Timor Leste é um dos países
mais pobres da Ásia e só conquistou a independência em 2002,
após um violento processo de separação da Indonésia que culminou numa intervenção da ONU.
O Brasil ainda mantém um efetivo militar no país.
Com agências internacionais
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