São Paulo, sábado, 07 de agosto de 2004

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EUA

Demente, com câncer e hepatite, James Hubbard havia passado os últimos 27 anos no corredor da morte por homicídio

Alabama executa condenado de 74 anos

ANDREW BUNCOMBE
DO "INDEPENDENT", EM WASHINGTON

A morte pela qual James Barney Hubbard foi condenado aconteceu há tanto tempo que Elvis Presley ainda se apresentava.
Hubbard e seus advogados passaram 27 anos lutando para estender sua vida, registrando uma apelação após outra nos tribunais. Anteontem, quando as apelações se esgotaram, Hubbard, enfraquecido pela demência, foi executado por injeção letal no Alabama. Ele tinha 74 anos. Foi a pessoa mais velha executada nos EUA em seis décadas.
A execução vai desencadear novos questionamentos sobre a pena de morte nos EUA. Havia dias em que a demência de Hubbard era tão aguda que ele nem sequer sabia quem era. Alan Rose, advogado de Hubbard nos últimos 16 anos, lamentou. "Ele era um homem doente. "Era inofensivo, não fazia sentido executá-lo."
Hubbard foi condenado por ter matado a tiros, em 1977, Lillian Montgomery, comerciante de Tuscaloosa. Solitária e alcoólatra, ela concordara em alojar Hubbard quando ele recebeu liberdade condicional, depois de envolver-se num homicídio em 1957.
A família da viúva afirmava que, no dia de sua morte, ela e Hubbard tinham bebido juntos. Hubbard sempre negou o crime, dizendo que Montgomery atirou nela mesma, apesar de ela ter recebido três tiros no rosto de um revólver que ela ganhara de seu filho mais velho, Jimmy.
Jimmy Montgomery contou que a última vez em que viu sua mãe viva foi quando a levou para ver Elvis cantar, em Tuscaloosa.
Depois da execução ele disse que ficou decepcionado pelo fato de Hubbard -silencioso, pálido e sofrendo de câncer, hepatite e enfisema- ter optado por não fazer um último pedido de desculpas. Segundo ele, Hubbard pareceu ter morrido sem dor. "Eu teria preferido a cadeira elétrica, ou quem sabe fuzilamento."
O tempo de Hubbard no corredor da morte chegou ao fim quando a Suprema Corte rejeitou uma apelação segundo a qual, em razão da idade e do estado de saúde do réu, executá-lo seria um "castigo cruel e incomum", algo proibido pela Constituição.
Hubbard foi a pessoa mais velha a ser executada desde 1941, quando James Stephen, do Colorado, foi morto aos 76 anos.


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