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ARGENTINA
Ministro criticara "violência"
"Música de rua" traz problemas a Kirchner
CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES
A discussão sobre os efeitos da
"cumbia villera" na sociedade argentina chegou à Casa Rosada.
Música urbana com letras de protestos de conteúdo quase sempre
violento ou com conotação sexual, como os funks brasileiros, a
"cumbia villera" virou discussão
dentro do governo nesta semana.
O presidente Néstor Kirchner
teve de sair em defesa da "música
de rua", como é conhecida, para
aliviar um mal-estar causado por
críticas do chefe-de-gabinete Alberto Fernandez.
Na quarta-feira, Fernandez traçou um paralelo entre o aumento
da violência na Argentina nos últimos dez anos e as transformações da sociedade, entre elas, o
surgimento da cumbia villera. A
alta da criminalidade é um dos
principais temas da atual agenda
política argentina.
"Há dez anos não havia um programa de televisão durante cinco
horas difundindo um tipo de música que, em grande medida, acaba elogiando a ação delinqüente,
como é todo esse movimento da
cumbia villera, esse movimento
social entre aspas", disse ele.
O ministro se referia ao programa "Paixão de Sábado", comandado pelo apresentador Daniel
Santillan que promove o estilo
musical nas tardes de sábado pela
TV América 2.
Críticas
A declaração do ministro na Rádio Uno foi o suficiente para a mídia local afirmar que Fernandez
havia relacionando o aumento da
violência na Argentina com o surgimento das cumbias villeras.
Programa de sucesso entre os
jovens, principalmente da periferia, o governo deu uma resposta
rápida às críticas que começavam
a aparecer.
O presidente convidou Santillán para ir à Casa Rosada na
quinta-feira. "Eu banco a cumbia
villera. Quem ainda não viu "Paixão de Sábado'?", teria dito Kirchner ao apresentador do popular
programa, segundo disse Santillán ao deixar a sede do governo
argentino, onde esteve por poucos minutos.
"Eu perguntei ao presidente se
ele nunca tinha dançado cumbia e
ele disse que seu filho havia telefonado para ele para perguntar o
que Fernandez quis dizer", disse
Santillán.
Interpretação
No mesmo dia, o ministro que
causou a polêmica disse que foi
mal interpretado e que suas declarações não eram "atos de censura" conta o gênero musical e que
"nunca quis relacionar o aumento da violência ao surgimento da
cumbia villera".
A cumbia villera ganhou espaço
na mídia nos últimos anos. Na
opinião do especialista em educação da Universidade Torquato Di
Tela, Mariano Narodowski, é um
gênero que faz sucesso entre jovens que se sentem excluídos do
sistema de consumo.
A música passou a ter mais força com o aumento de jovens inativos e desemprego no país, que
chegou a atingir 20% da população no auge da crise, em 2002.
Segundo a consultoria Equis,
nos últimos quatro anos o número de jovens entre 15 e 24 anos
inativos, que não trabalham nem
estudam, aumentou 38% na Argentina.
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