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REVOLUÇÃO
Segundo organizadores, setor movimentou US$ 12 bilhões em 2003; principal mercado ainda é o estrangeiro
China abre sua 1ª feira de produtos sexuais
CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM
As contradições da modernização chinesa ultrapassaram as barreiras da economia e chegaram ao
sexo.
Ao mesmo tempo em que o governo realiza campanha contra sites pornográficos na internet, a
China estreou ontem sua primeira feira internacional de "brinquedos adultos e saúde reprodutiva" - com direito a vibradores,
estimuladores anais, bonecas de
borracha, lingerie erótica e instrumentos para os adeptos do sadomasoquismo.
"É revolucionário", entusiasmou-se Wu Xiao, gerente da
Wenzhou Lover, a maior produtora chinesa daqueles que são
chamados no país, eufemisticamente, de "produtos de saúde
adulta".
Xie Huazhen viajou da Província de Guangdong (sul) só para
ver a feira. "Não tenho um desses", disse, entre risadinhas, observando uma coleção de brinquedos sexuais. Depois admitiu,
timidamente: "Na verdade, tenho
vários".
Até a imprensa oficial chinesa
está se rendendo ao que até há
pouco tempo era visto como "degradação ocidental". O "China
Daily", jornal econômico do governo, estampou recentemente
em sua primeira página reportagem sobre consumidores que sofrem com a baixa qualidade de
produtos vendidos em sex-shops.
O texto era ilustrado com o caso
de um homem que não conseguia
fazer sexo com sua mulher de
borracha sem que ela explodisse
constantemente e o de uma mulher cujo vibrador quebrou na
primeira noite de uso.
Segundo os organizadores da
Adult Expo, o mercado de acessórios e estimulantes sexuais movimentou US$ 12 bilhões no país em
2003, com alta de 30% em relação
ao ano anterior.
"Com o desenvolvimento econômico, os chineses começaram a
prestar mais atenção à qualidade
de sua vida cotidiana, incluindo
sexo e saúde reprodutiva", diz
texto no site oficial da feira. "As
massas chinesas", afirmam os organizadores, querem uma "vida
civilizada, saudável e feliz."
Com entrada gratuita, a exposição vai até amanhã em Xangai, cidade com maior renda per capita
da China continental.
São 60 expositores, de acordo
com Liang Helin, do China International Exhibition Center
Group, um dos organizadores. Do
total, 90% são fabricantes chineses e apenas 10% estrangeiros.
A feira é voltada para a realização de negócios, mas, no último
dia, o público poderá comprar alguns produtos diretamente dos
fabricantes.
Avanço tímido
Apesar da maior abertura, os
sex-shops ainda estão longe de se
destacar na paisagem das cidades
chinesas. Em Pequim, eles são estimados em 600. A maioria prima
pela discrição e é identificada por
pequenas placas nas quais está escrito "sex care" (cuidado sexual).
"Ainda vendemos 90% dos nossos produtos no exterior", disse
Fang Hong, diretor da empresa
Shaki Shenzhen, presente na feira.
"Levará pelo menos dez anos para
que isso se reverta e passarmos a
vender mais na China. Os chineses ainda não pegaram o conceito
de diversão ainda", reclamou.
Com agências internacionais
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