São Paulo, sexta-feira, 07 de setembro de 2001

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Texto deve falar em lamento, sem desculpas

DA ENVIADA ESPECIAL

O texto consensual mínimo sobre as reparações deverá falar de arrependimento pelo sofrimento resultante da escravidão e do tráfico de escravos, considerados como fontes de racismo.
Sobre o colonialismo, tratado num parágrafo à parte, a proposta é dizer que suas práticas contiveram, em algum momento, aspectos ou manifestações de racismo.
Não houve, porém, entendimento sobre o pedido de desculpas, a necessidade e a forma de reparações nem a qualificação dos fatos do passado como crimes contra a humanidade.
Sem acordo no grupo informal de 20 países criado para discutir o assunto, delegados do Brasil e do Quênia (países coordenadores dos debates) trabalhariam durante toda a madrugada em busca do consenso final.
Os europeus impõem algumas condições, entre elas, a de que a Europa não aceita qualificar o colonialismo como crime contra a humanidade nem cederá na questão econômica, perdoando dívidas dos países africanos.
"Não haverá, em termos financeiros, nada mais do que já foi concedido pela Europa até aqui", disse à Folha um diplomata brasileiro que acompanha as negociações.
O Brasil defende que haja a expressão de um lamento genérico pelos fatos do passado, sem citar os países envolvidos, e a citação ao fato de que, se a escravidão ocorresse hoje, seria crime contra a humanidade. Não defende reparações de um país para outro.
Um membro da delegação alemã disse que a proposta da União Européia é tentar adiar a discussão sobre questões financeiras para duas conferências das Nações Unidas previstas para o ano que vem, uma sobre desenvolvimento sustentável e outra sobre segurança alimentar. (FE)



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