São Paulo, sexta-feira, 07 de setembro de 2007

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Derrotado em eleição provincial argentina, Juez quer recontagem

Candidato diz que houve fraude em Córdoba e culpa o presidente Kirchner

RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES

Quase uma semana depois da eleição, a polêmica em Córdoba, terceiro maior distrito eleitoral argentino, só aumenta. O segundo colocado na disputa pelo governo da Província, Luis Juez, insiste em que houve fraude e promoveu ontem uma marcha em protesto na capital cordobesa.
Juez aponta como indício da suposta fraude fatos como uma candidata a prefeita ter aparecido com 591 votos na disputa pelo governo e, na hora da apuração, terem havido 166 urnas a mais do que a Justiça Eleitoral tinha divulgado inicialmente. A Justiça negou, porém, o pedido de Juez para que a contagem definitiva dos votos fosse feita mediante a reabertura das urnas; o procedimento, iniciado ontem, levará em conta apenas as atas que registraram os resultados de cada urna.
Na marcha convocada por Juez, centenas de pessoas levaram cartazes com a frase "Abram as urnas". O pedido é apoiado pelo prefeito eleito da capital de Córdoba, Daniel Giacomino, que disse que não assumirá o cargo caso não se revise o resultado.
Os protagonistas da polêmica eleitoral, que antes do pleito disputaram o apoio do presidente Néstor Kirchner -que oficialmente foi dado a Juan Schiaretti, ganhador provisório da eleição-, agora coincidiram em apontar o governo nacional como culpado pela situação de indefinição na Província.
"Por ação ou omissão, o governo nacional garantiu a impunidade em Córdoba", afirmou Juez. "Alberto Fernández [chefe-de-gabinete de Kirchner, que apoiou Juez] perdeu a eleição e mandou seus empregados dizerem que há fraude", disse Schiaretti sobre um dos principais ministros do presidente.

Ninharia
Cobrado por ambos os lados, Kirchner evitou maiores pronunciamentos sobre a eleição.
O governador Jorge de la Sota, aliado de Schiaretti, cobrou do presidente uma declaração garantindo que a apuração, realizada no prédio dos Correios, empresa estatal federal, foi limpa. O mais perto que o presidente chegou disso foi insinuar que os 17 mil votos que separaram oficialmente Schiaretti de Juez são suficientes para definir a eleição.
"Eu ganhei pela primeira vez a prefeitura [de Río Gallegos] por só 111 votos. Olhem pelo que discutem agora", afirmou em um discurso na União Industrial Argentina.
Apesar de ter tido recusado seu pedido de recontagem voto a voto, Juez disse que não se dará por vencido enquanto as urnas não forem reabertas. Ele afirmou que, caso isso seja feito e ele seja apontado como ganhador, convocará novas eleições.
O candidato oposicionista à Presidência Roberto Lavagna, que apoiou o terceiro colocado na disputa, Mario Negri, também defendeu que haja novas eleições na Província.
Córdoba é o terceiro maior colégio eleitoral argentino, com 2,4 milhões de eleitores, cerca de 10% do total nacional. Apesar disso, sua legislação não prevê segundo turno.
Os percalços em Córdoba -mesmo se confirmado o triunfo de Schiaretti, seus 37% dos votos foram amplamente superados pelos 63% da oposição- somam-se a fracassos kirchneristas em outros dois dos principais distritos eleitorais: a Cidade de Buenos Aires e a Província de Santa Fé, onde os candidatos apoiados pelo presidente foram derrotados.
Apesar disso, o kirchnerismo mantém o comando na maioria das 23 Províncias do país e, com a candidatura do vice-presidente Daniel Scioli, tem o favoritismo absoluto na Província de Buenos Aires, onde votam quase 40% dos eleitores.


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