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Derrotado em eleição provincial argentina, Juez quer recontagem
Candidato diz que houve fraude em Córdoba e culpa o presidente Kirchner
RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES
Quase uma semana depois da
eleição, a polêmica em Córdoba, terceiro maior distrito eleitoral argentino, só aumenta. O
segundo colocado na disputa
pelo governo da Província, Luis
Juez, insiste em que houve
fraude e promoveu ontem uma
marcha em protesto na capital
cordobesa.
Juez aponta como indício da
suposta fraude fatos como uma
candidata a prefeita ter aparecido com 591 votos na disputa
pelo governo e, na hora da apuração, terem havido 166 urnas a
mais do que a Justiça Eleitoral
tinha divulgado inicialmente. A
Justiça negou, porém, o pedido
de Juez para que a contagem
definitiva dos votos fosse feita
mediante a reabertura das urnas; o procedimento, iniciado
ontem, levará em conta apenas
as atas que registraram os resultados de cada urna.
Na marcha convocada por
Juez, centenas de pessoas levaram cartazes com a frase
"Abram as urnas". O pedido é
apoiado pelo prefeito eleito da
capital de Córdoba, Daniel Giacomino, que disse que não assumirá o cargo caso não se revise o resultado.
Os protagonistas da polêmica eleitoral, que antes do pleito
disputaram o apoio do presidente Néstor Kirchner -que
oficialmente foi dado a Juan
Schiaretti, ganhador provisório
da eleição-, agora coincidiram
em apontar o governo nacional
como culpado pela situação de
indefinição na Província.
"Por ação ou omissão, o governo nacional garantiu a impunidade em Córdoba", afirmou Juez. "Alberto Fernández
[chefe-de-gabinete de Kirchner, que apoiou Juez] perdeu a
eleição e mandou seus empregados dizerem que há fraude",
disse Schiaretti sobre um dos
principais ministros do presidente.
Ninharia
Cobrado por ambos os lados,
Kirchner evitou maiores pronunciamentos sobre a eleição.
O governador Jorge de la Sota, aliado de Schiaretti, cobrou
do presidente uma declaração
garantindo que a apuração, realizada no prédio dos Correios,
empresa estatal federal, foi limpa. O mais perto que o presidente chegou disso foi insinuar
que os 17 mil votos que separaram oficialmente Schiaretti de
Juez são suficientes para definir a eleição.
"Eu ganhei pela primeira vez
a prefeitura [de Río Gallegos]
por só 111 votos. Olhem pelo
que discutem agora", afirmou
em um discurso na União Industrial Argentina.
Apesar de ter tido recusado
seu pedido de recontagem voto
a voto, Juez disse que não se dará por vencido enquanto as urnas não forem reabertas. Ele
afirmou que, caso isso seja feito
e ele seja apontado como ganhador, convocará novas eleições.
O candidato oposicionista à
Presidência Roberto Lavagna,
que apoiou o terceiro colocado
na disputa, Mario Negri, também defendeu que haja novas
eleições na Província.
Córdoba é o terceiro maior
colégio eleitoral argentino,
com 2,4 milhões de eleitores,
cerca de 10% do total nacional.
Apesar disso, sua legislação não
prevê segundo turno.
Os percalços em Córdoba
-mesmo se confirmado o
triunfo de Schiaretti, seus 37%
dos votos foram amplamente
superados pelos 63% da oposição- somam-se a fracassos
kirchneristas em outros dois
dos principais distritos eleitorais: a Cidade de Buenos Aires e
a Província de Santa Fé, onde
os candidatos apoiados pelo
presidente foram derrotados.
Apesar disso, o kirchnerismo
mantém o comando na maioria
das 23 Províncias do país e, com
a candidatura do vice-presidente Daniel Scioli, tem o favoritismo absoluto na Província
de Buenos Aires, onde votam
quase 40% dos eleitores.
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