São Paulo, sábado, 07 de outubro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Economia deve sofrer ainda mais


DE BUENOS AIRES

A crise no governo argentino deve afetar a situação da economia do país, estagnada desde o ano passado. A Argentina deve crescer menos de 1% este ano, o desemprego é de 15,4% (contra cerca de 7% no Brasil) e o índice de confiança dos consumidores está no seu nível mais baixo em três anos.
A Bolsa de Buenos Aires caiu 1,7%. Para analistas, a queda se deveu em parte à preocupação dos investidores com a governabilidade do país.
O ministro José Luis Machinea (Economia), porém, afirmou a Argentina "segue em um bom rumo econômico".
Mas, diferentemente do que diz o ministro, a maior parte dos argentinos afirma que o país segue em crise e que, além disso, o presidente Fernando de la Rúa não conseguirá cumprir as suas promessas de campanha, segundo pesquisa do Instituto Rommer.
De la Rúa, quando era candidato a presidente, afirmou que reduziria o desemprego, faria o país retomar o crescimento econômico e eliminaria a corrupção dos dez anos de menemismo.
Em dez meses, não mostrou sucesso em nenhum desses pontos, e sua administração é tida como imóvel.
A crise no Senado, na qual senadores teriam repartido cerca de US$ 10 milhões para aprovar a reforma trabalhista em abril deste ano, manchou a gestão do presidente, descrita, até então, como honesta. E Alvarez foi quem mais se movimentou contra o escândalo, pedindo a renúncia de senadores e a antecipação das eleições para o Senado. Criticou também a condução econômica do país.
Esta não será a primeira vez que um presidente governará sem vice na Argentina. O analista político Rosendo Fraga lembra que isso já ocorreu com Juan Domingo Perón em 1952, Frondizi em 1958 e Carlos Menem em em 1991, quando seu vice concorreu ao governo da Província de Buenos Aires. O sucessor imediato de Menem passa a ser José Genoud, presidente interino do Senado -desafeto de Alvarez. (GC)



Texto Anterior: América Latina: Vice renuncia e agrava a crise argentina
Próximo Texto: Coalizão pode ter rompimento
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.