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Escuta em satélite
opera à margem da lei
DE SAN FRANCISCO
Mais invasivo do que o grampo
eletrônico Carnivore, um sistema
de vigilância planetária, criado à
margem da lei, está em plena operação. Chama-se Echelon (em inglês, pronuncia-se "échelon").
Trata-se de uma colaboração entre EUA, Reino Unido, Canadá,
Austrália e Nova Zelândia.
Esses países dizem, oficialmente, que o Echelon não existe. Mas
investigação do Parlamento Europeu, concluída em maio, diz
que "não há dúvida" de que a super-rede está ativa. Ela é administrada pela Agência Nacional de
Segurança dos EUA -instituição
militar tão secreta que, fundada
em 1952, passou anos negando a
própria existência.
O Echelon espiona tráfego via
satélite -sinais de rádio e TV, ligações telefônicas e de fax e e-mail. Diferentemente do Carnivore, que visa usuários específicos, o
Echelon usa um imenso poder
tecnológico para procurar palavras-chave. "Plutônio", "bomba"
e "drogas", por exemplo.
Observadores avaliam que algumas das ligações entre simpatizantes de Osama bin Laden, depois dos atentados, foram interceptadas pelo sistema Echelon.
Mas o sistema se mostrou inútil
na prevenção dos ataques.
"O Echelon é um sistema que
não presta contas a ninguém",
disse à Folha Yaman Akdeniz,
professor da Faculdade de Direito
da Universidade de Leeds (Reino
Unido) e diretor da Cyber-Rights
and Cyber-Liberties, entidade de
defesa de liberdades civis.
Segundo o especialista, "ninguém é contra a interceptação de
informação, mas ela deve ser feita
com alvos específicos, e não simplesmente de forma genérica".
A comissão do Parlamento Europeu já investigou, sem sucesso,
a denúncia de um ex-diretor da
CIA, o serviço de inteligência
americano, de que o Echelon estava sendo usado em espionagem
industrial, para beneficiar companhias dos EUA.
O Parlamento Europeu recomendou que fossem criados novos sistemas de codificação de e-mails pela internet. Para a comissão, com o Echelon, enviar um e-mail comum "é como mandar
uma carta sem envelope".
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