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FRANÇA
Bernard Delanoë foi operado e não corre risco de morte; ataque foi na prefeitura, aberta para o público para evento especial
Desempregado esfaqueia prefeito de Paris
ALCINO LEITE NETO
DE PARIS
O prefeito socialista de Paris,
Bertrand Delanoë, foi apunhalado na madrugada de ontem dentro da própria prefeitura. Operado pela manhã, ele passa bem e ficará em observação por 48 horas
numa unidade de reanimação cirúrgica. Deve continuar hospitalizado por pelo menos oito dias.
A facada atingiu a região do abdome, ferindo o estômago e o tubo digestivo. "O conjunto das lesões intra-abdominais foi tratado
com sucesso. Seu estado clínico é
satisfatório e o pós-operatório
não apresenta complicações",
disseram os médicos.
O agressor do prefeito, Azzedine Berkane, 39, foi preso imediatamente após o atentado. Ele é
técnico em informática, desempregado, de ascendência árabe e
de religião muçulmana, com extensa ficha policial (agressões,
roubo, tráfico de drogas) e passagem por hospital psiquiátrico.
A polícia descartou qualquer
vínculo entre ele e organizações
islâmicas radicais.
Berkane disse que esfaqueou o
prefeito porque detesta os "políticos e os homossexuais". Delanoë,
52, tornou público seu homossexualismo em 1998.
Num comunicado público, o
presidente Jacques Chirac (centro-direita), que já foi prefeito de
Paris, afirmou que "compartilhava com os franceses a emoção dos
parisienses" e manifestou sua "indignação com o gesto insensato
cometido". O premiê Jean-Pierre
Raffarin (centro-direita) transmitiu sua "mensagem de simpatia
pessoal" a Delanoë e declarou:
"Por várias vezes, na nossa sociedade, nós pudemos medir bem o
quanto os políticos estavam expostos a numerosas agressões e
numerosos dramas. Essa insegurança coloca evidentemente problemas a nossa democracia".
Berkane se encontrava no meio
do público que visitava a prefeitura durante um grande evento cultural que aconteceu entre sábado
e domingo em Paris, chamado
"Nuit Blanche" (noite em claro).
Tratava-se de um projeto da prefeitura, que Delanoë acalentava
realizar há tempos e só conseguiu
viabilizar agora.
Durante a "Noite em claro", vários estabelecimentos permaneceram abertos na madrugada
apresentando atrações culturais.
Segundo o encarregado-adjunto de Cultura da prefeitura, Christophe Girard, o agressor de Delanoë tinha "um comportamento
desordenado, a aparência de um
pobre sujeito que comete um gesto estúpido de desequilibrado".
O atentado contra o prefeito de
Paris causou grande comoção na
França. É a quarta agressão a políticos no país em seis meses. Em 27
de abril, uma tragédia ocorreu em
Nanterre, cidade ao lado de Paris,
quando o desempregado Richard
Durn matou oito vereadores dentro da prefeitura.
Em 3 de julho, um homem tentou lançar uma urna contra o primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin na Assembléia Nacional. Em
15 de julho, um militante de extrema direita foi contido pelo público quando se preparava para atirar com um fuzil no presidente
Jacques Chirac, durante desfile.
Com agências internacionais
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