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São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2003

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ORIENTE MÉDIO

EUA não criticam ataque à Síria; Damasco tenta aprovar na ONU resolução que condene a ação israelense

Israel tem o direito de se defender, diz Bush

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, disse ontem que "Israel tem o direito de se defender", ao ser questionado sobre o ataque israelense à Síria, anteontem.
A ação israelense teve como alvo uma base que seria utilizada para o treinamento de terroristas palestinos e ocorreu um dia depois de um atentado suicida assumido pelo grupo terrorista Jihad Islâmico ter matado ao menos 19 pessoas em Haifa (norte de Israel). A Síria nega que a base seja utilizada para fins terroristas.
"Deixei bem claro ao premiê [israelense] Ariel Sharon que Israel tem o direito de se defender", afirmou Bush em Washington. Porém o presidente pediu a Sharon que "Israel evite a escalada da violência, pois pode alimentar novas tensões", minando as perspectivas de paz para a região.
Raanan Gissin, assessor de Sharon, disse que a Síria pode ser alvo de novos ataques. Mas ele descartou um ataque ao Irã, país que também é acusado pelos israelenses de apoiar o terrorismo.
Anteontem, após o ataque israelense, autoridades americanas criticaram a Síria, afirmando que o país está "do lado errado da guerra ao terrorismo". O regime de Damasco é acusado pelos EUA de tentar adquirir e de estar desenvolvendo armas de destruição em massa. O país é visto como um dos mais prováveis alvos de uma ofensiva americana.
O porta-voz da Casa Branca Scott McClellan disse ontem que a "Síria precisa parar de abrigar terroristas". E acrescentou que o país é responsável "pelos terroristas que planejam atentados a partir de seu território".
A Síria não reagiu no campo militar à ação israelense -o último ataque de Israel à Síria havia sido na Guerra do Yom Kippur, em 1973. Coincidentemente, o ataque de ontem ocorreu pouco antes do início do Yom Kippur (dia do perdão, principal data do calendário religioso judaico).
A Síria preferiu apelar ao Conselho de Segurança (CS) da ONU. O país, que atualmente integra o CS, apresentou anteontem uma resolução condenando o ataque israelense. Mas não houve votação porque os países-membros pediram que fosse concedido um dia para que os embaixadores na ONU pudessem consultar seus governos. A votação poderia ocorrer ainda na noite de ontem.
Damasco pediu que os EUA não utilizassem seu poder de veto no CS para impedir a aprovação da resolução. Porém autoridades americanas já deixaram claro que Washington vetará a resolução se o texto da Síria não for alterado. Os EUA aprovariam apenas se a resolução condenasse Damasco por dar abrigo a terroristas. A Síria não aceitaria essa inclusão.
Outros integrantes do CS disseram que a resolução precisa ser mais "balanceada". "A resolução poderia ser aprovada se exigisse o fim do terrorismo", disse o vice-chanceler russo, Yuri Fedotov.
Em Damasco, a população pedia uma resposta militar, e os jornais estamparam as condenações internacionais à ação de Israel.

Condenações
A União Européia criticou ontem o ataque israelense à Síria, afirmando que a ação violou as leis internacionais. "Entendo que os israelenses estão sofrendo com os ataques dos terroristas suicidas. Mas a reação precisa estar de acordo com a legislação internacional", disse o chefe da diplomacia européia, Javier Solana.
A Liga Árabe, que se reuniu no Egito para discutir o ataque, divulgou a seguinte nota: "A agressão [israelense] representa uma séria escalada [da violência] e ameaça a segurança internacional e regional". O governo brasileiro divulgou nota afirmando que "condena o bombardeio realizado por forças israelenses".


Com agências internacionais


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