São Paulo, quinta-feira, 07 de outubro de 2004

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Funcionários da ONU querem sair do Iraque

DA REDAÇÃO

Duas organizações representantes de mais de 60 mil funcionários das Nações Unidas exortaram ontem o secretário-geral Kofi Annan a retirar todo o seu contingente do Iraque devido a riscos "sem precedentes" à segurança.
Em carta conjunta a Annan, as organizações mencionam uma escalada dramática de ataques no Iraque e afirmam que a ONU "se tornou um alvo direto, particularmente passível de ataques por facções terroristas cruéis".
"Apenas um funcionário já é funcionário demais no Iraque", diz a carta. "Apelamos a seu bom senso para assegurar que nenhum outro funcionário seja enviado ao Iraque e que aqueles que já estão lá sejam instruídos a sair o quanto antes."
O porta-voz da ONU, Fred Eckhard, disse que o organismo "irá levar a carta em consideração".
Richard Grenell, porta-voz do embaixador dos EUA na ONU, John Danforth, manifestou-se contrário à retirada. "Esperamos que o secretário-geral reconheça que a ONU existe para ajudar governos em crises", disse.
A ONU retirou todos os seus funcionários do Iraque em 2003, após seu escritório em Bagdá ter sofrido dois atentados a bomba. No primeiro, 22 morreram, incluindo o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, representantes especial da ONU no país.
Em agosto, Annan permitiu que um contingente retornasse ao país, impondo um teto de 35 funcionários. Mas o organismo está sob pressão para enviar mais pessoal para ajudar no preparo das eleições marcadas para janeiro.
"Enquanto compreendemos que o povo do Iraque merece o apoio e a assistência da comunidade internacional, não podemos concordar com o emprego de pessoal da ONU no Iraque em face do alto risco, sem precedentes, à segurança dos funcionários", sustenta a carta.
Pelo menos 23 pessoas morreram ontem em confrontos no Iraque. A explosão de um carro-bomba contra um posto de controle da Guarda Nacional iraquiana próximo a Anah, ao noroeste de Bagdá, no acesso principal à Síria, matou ao menos 16 iraquianos e feriu outros 30.
Em Ramadi (oeste), um comboio militar dos EUA foi atacado com lança-granadas. Cinco morreram no fogo cruzado. Explosões distintas em Basra (sul) e Baquba (norte) deixaram dois mortos.
Numa tentativa de dificultar a movimentação de insurgentes e evitar novos ataques, forças americanas e iraquianas bloquearam todas as estradas ao sul da capital. Mais de 3.000 soldados da força multinacional prosseguiram operações na Província de Babil pela retomada de áreas controladas pela insurgência.
Mediadores iraquianos afirmaram estar perto de um acordo com o líder radical Moqtada al Sadr para um cessar-fogo em Sadr City, controlada pelo clérigo xiita. Negociações também ocorreram ontem em Fallujah (oeste), considerado reduto do terrorista jordaniano Abu Musab al Zarqawi.
O ditador líbio, Muammar Gaddafi, fez um apelo ontem pela libertação do engenheiro britânico Kenneth Bigley, 62, mantido refém no Iraque há 20 dias. A família do refém havia pedido que Gaddafi intermediasse negociações com os seqüestradores.


Com agências internacionais

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