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EUROPA
Com reservas, Executivo da União Européia aconselha países-membros a tratar da eventual adesão da Turquia ao bloco
Comissão da UE aprova diálogo com turcos
DA REDAÇÃO
Com reservas e a promessa de
monitorar o progresso das várias
reformas que o país ainda deverá
realizar, a Comissão Européia deu
ontem luz verde ao início das negociações da Turquia com a
União Européia, um considerável
avanço após quatro décadas de
persistentes dúvidas.
Contudo o sinal positivo do
Executivo da UE foi acompanhado de uma extensa lista de condições, incluindo a possibilidade de
suspender as conversas se o governo turco não cumprir suas
promessas no que tange aos critérios de Copenhague (sobretudo
avanços democráticos e direitos
humanos) e à contenção do fluxo
migratório em direção aos países-membros do bloco europeu uma
vez concluídas as negociações.
"Ao menos dar início às negociações com a Turquia constitui
um dever moral da UE após tanto
tempo de tergiversação e a introdução, por parte de Ancara, de
uma série de reformas exigidas
pelo bloco. É importante ressaltar
que nunca Bruxelas foi tão exigente com um país e que jamais
um candidato respondeu com
tanta presteza e com tão poucas
reclamações às exigências européias", analisou para a Folha Anne-Marie Le Gloannec, diretora
do Centro Marc Bloch, um instituto de pesquisas de Berlim.
O presidente da Comissão Européia, Romano Prodi, que deixará seu posto em breve, foi cauteloso ao anunciar a posição do órgão. "A resposta da comissão hoje
[ontem] é sim... Entretanto se trata de um "sim qualificado". Estamos dando crédito aos turcos,
mas não se trata de um cheque em
branco", declarou Prodi.
Este exortou Ancara a ter paciência, já que "as negociações serão longas e difíceis", embora a
Europa não tenha "nada a temer"
em relação ao diálogo com a Turquia. Esta já faz parte da Otan
(aliança militar ocidental). O premiê turco, Recep Tayyip Erdogan,
por sua vez, saudou o texto "equilibrado" da comissão e prometeu
manter o curso das reformas.
"Uma nova diretiva da UE diz
que ela será bastante rigorosa a
partir de agora no que concerne
ao cumprimento das exigências
européias. Cabe lembrar que alguns dos dez Estados que aderiram ao bloco em maio, como a
Polônia e Eslováquia, não tinham
terminado suas reformas quando
de sua entrada no bloco. Bruxelas
não quer mais que isso ocorra, já
que põe em risco a estabilidade
européia", explicou Le Gloannec.
Ainda não foi definida uma data
para o início das negociações. Porém Ben Bot, chanceler da Holanda, que ocupa a presidência rotativa do bloco, disse crer que elas
deverão começar em meados de
2005. Em dezembro, os chefes de
Estado e de governo dos 25 países
da UE definirão o cronograma.
A entrada da Turquia preocupa
muitos europeus, pois sua cultura
e suas tradições, além do tamanho de sua população (70 milhões
de habitantes) e de seu atraso econômico em relação aos outros
membros do bloco, são consideradas muito distantes das "européias tradicionais", apontou Le
Gloannec, por telefone.
(MÁRCIO SENNE DE MORAES)
Com agências internacionais
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