São Paulo, quinta-feira, 07 de outubro de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Ele diz que plano conta com apoio dos EUA

Assessor de Sharon diz que saída de Gaza visa impedir Estado palestino

DA REDAÇÃO

O principal assessor do premiê de Israel, Ariel Sharon, disse ontem que o plano de retirada de Gaza elimina a possibilidade de criação de um Estado palestino indefinidamente, acrescentando que os EUA apóiam essa política do governo israelense.
A afirmação, feita por Dov Weisglass em entrevista que será publicada na íntegra amanhã no diário israelense "Haaretz", já teve desmentidos no governo, pedidos de explicações em Washington e condenações da esquerda de Israel e de autoridades palestinas.
"O significado do plano de desengate [retirada dos assentamentos judaicos da faixa de Gaza] é o congelamento do processo de paz. E quando você congela o processo, você previne o estabelecimento do Estado palestino, previne a discussão sobre a questão dos refugiados, sobre as fronteiras e sobre Jerusalém", disse.
"Todo o pacote denominado "Estado palestino", com toda a sua carga, foi removido indefinidamente da agenda. E tudo isso com o aval presidencial [de George W. Bush] e com a ratificação das duas Casas do Congresso", afirmou.
"O que combinei com os americanos foi que parte dos assentamentos [na Cisjordânia] não será negociada e que o restante somente será negociado apenas quando os palestinos acabarem com o terrorismo. O plano de desengate fará com que, de um total de 240 mil colonos, 190 mil possam permanecer em suas casas."
Palestinos exigem a retirada de todos os assentamentos para possibilitar a criação de um Estado.
O governo americano pediu explicações a Israel ontem após tomar conhecimento do teor da entrevista. Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado Adam Ereli afirmou que os EUA continuam comprometidos com o roteiro para a paz, que prevê negociações bilaterais para que seja criado o Estado palestino.
O gabinete de Sharon emitiu comunicado mais tarde afirmando que continua apoiando o plano de paz recomendado pelos EUA.
As declarações de Weisglass estão sendo vistas em Israel como uma tentativa do governo de Sharon para atrair apoio da direita israelense. Esse grupo se tornou um dos principais opositores da saída de Israel da faixa de Gaza.
Em mais um dia de violência em Gaza, Israel matou duas pessoas de uma mesma família. Após uma semana de ataques, 75 palestinos foram mortos por Israel na operação militar em Gaza.
A ONU desafiou ontem Israel a dar provas da ligação com o terrorismo de 13 funcionários palestinos da UNRWA (agência das Nações Unidas para dar assistência nos territórios) que estão sob custódia israelense.


Com agências internacionais


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