São Paulo, sábado, 07 de outubro de 2006

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"Governo não agiu no momento certo", afirma cooperativista

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Federação Nacional das Cooperativas Mineiras (Fencomin), Pascual Guarachi, é o principal líder dos mineiros que invadiram a mina de Huanuni anteontem, detonando o confronto. Nesta entrevista à Folha, feita por telefone, de La Paz, ele diz que os mineiros não aceitarão a presença do Exército e culpa o governo pela violência: (FM)

 

FOLHA - Por que há confrontos?
PASCUAL GUARACHI
- Por falta de resposta favorável às demandas feitas pelas cooperativas ao governo em relação à Comibol (Corporação Mineira da Bolívia, empresa estatal). Queremos ter áreas na jazida Posokoni para poder trabalhar.

FOLHA - Como ocorreram os enfrentamentos?
GUARACHI
- Foram com armas de fogo, foram assim que morreram os caídos ontem [quinta-feira] e hoje. Mas os cooperativistas claramente indicamos que não usamos armas de fogo, apenas explosivos de dinamite. Mas a maioria dos mortos foi por balas disparadas pela parte sindical e por gente aparentemente infiltrada.

FOLHA - Por que a trégua acertada na quinta não foi respeitada?
GUARACHI
- Ontem à noite [quinta], em Huanuni, participei da reunião de uma comissão pacificadora, com representantes dos direitos humanos, o Defensor do Povo e a Igreja Católica. Mas houve problemas que não deixaram chegar a um bom resultado. O ministro da Presidência [Juan Ramón Quintana] de alguma maneira desapareceu. Isso fez com que não se chegasse, ontem [quinta] à noite, a uma situação clara sobre o que já havia sido assinado minutos antes.

FOLHA - Como tem sido a intermediação do governo?
GUARACHI
- Negativa, antes e depois do confronto, porque lamentavelmente foi um erro do governo, que não atuou no momento certo, não deu respostas favoráveis e já se posicionou para o outro lado. Lamentavelmente, tem sido assim.

FOLHA - O sr. acredita que haverá mais confronto?
GUARACHI
- Lamentavelmente, sim, continuam as provocações, o governo está enviando efetivos policiais em massa. Por outro lado, temos a informação de que estão enviando militares. Não aceitamos essa presença, porque a maioria dos mortos foi assassinada por balas de armamento militar. Os mineiros podem reagir a isso, e tudo pode acontecer.

FOLHA - Os cooperados eram considerados um dos principais aliados de Morales. Com o enfrentamento, houve uma ruptura?
GUARACHI
- Como vamos seguir aliados com tantos mortos?


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