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"Governo não agiu no momento certo", afirma cooperativista
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Federação
Nacional das Cooperativas Mineiras (Fencomin), Pascual
Guarachi, é o principal líder dos
mineiros que invadiram a mina
de Huanuni anteontem, detonando o confronto. Nesta entrevista à Folha, feita por telefone, de La Paz, ele diz que os
mineiros não aceitarão a presença do Exército e culpa o governo pela violência:
(FM)
FOLHA - Por que há confrontos?
PASCUAL GUARACHI - Por falta de
resposta favorável às demandas feitas pelas cooperativas ao
governo em relação à Comibol
(Corporação Mineira da Bolívia, empresa estatal). Queremos ter áreas na jazida Posokoni para poder trabalhar.
FOLHA - Como ocorreram os enfrentamentos?
GUARACHI - Foram com armas
de fogo, foram assim que morreram os caídos ontem [quinta-feira] e hoje. Mas os cooperativistas claramente indicamos
que não usamos armas de fogo,
apenas explosivos de dinamite.
Mas a maioria dos mortos foi
por balas disparadas pela parte
sindical e por gente aparentemente infiltrada.
FOLHA - Por que a trégua acertada
na quinta não foi respeitada?
GUARACHI - Ontem à noite
[quinta], em Huanuni, participei da reunião de uma comissão pacificadora, com representantes dos direitos humanos, o Defensor do Povo e a
Igreja Católica. Mas houve problemas que não deixaram chegar a um bom resultado. O ministro da Presidência [Juan Ramón Quintana] de alguma maneira desapareceu. Isso fez com
que não se chegasse, ontem
[quinta] à noite, a uma situação
clara sobre o que já havia sido
assinado minutos antes.
FOLHA - Como tem sido a intermediação do governo?
GUARACHI - Negativa, antes e
depois do confronto, porque lamentavelmente foi um erro do
governo, que não atuou no momento certo, não deu respostas
favoráveis e já se posicionou
para o outro lado. Lamentavelmente, tem sido assim.
FOLHA - O sr. acredita que haverá
mais confronto?
GUARACHI - Lamentavelmente,
sim, continuam as provocações, o governo está enviando
efetivos policiais em massa. Por
outro lado, temos a informação
de que estão enviando militares. Não aceitamos essa presença, porque a maioria dos
mortos foi assassinada por balas de armamento militar. Os
mineiros podem reagir a isso, e
tudo pode acontecer.
FOLHA - Os cooperados eram considerados um dos principais aliados
de Morales. Com o enfrentamento,
houve uma ruptura?
GUARACHI - Como vamos seguir
aliados com tantos mortos?
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