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Rússia mira crianças para atingir Geórgia
Escolas recebem ordem de apresentar lista de georgianos; 130 pessoas são deportadas sob alegação de imigração ilegal
Governo de ex-república soviética acusa vizinho de promover "limpeza étnica" como represália à prisão de militares russos, já soltos
DA REDAÇÃO
O governo russo aumentou a
pressão sobre a Geórgia, ordenando às escolas de Moscou
que forneçam listas com as
crianças de sobrenomes georgianos -a alegação é que isso
permitirá detectar imigrantes
ilegais. Além disso, pelo menos
130 georgianos foram deportados ontem, e diversos negócios
tocados por pessoas nascidas
no país vizinho foram fechados.
"Não é nem xenofobia. O que
a Rússia está fazendo é uma
forma branda de limpeza étnica", reagiu o ministro de Relações Exteriores georgiano, Gela
Bezhuashvili.
O chefe do Departamento de
Educação de Moscou, Alexander Gavrilov, confirmou que escolas receberam o pedido de
identificação de georgianos anteontem. Ele criticou a medida.
"Se buscam imigrantes ilegais,
é um problema deles. Escolas
não devem ser envolvidas."
Apesar da confirmação, a polícia da capital negou ter feito a
requisição. "Não demos nenhuma instrução desse tipo", disse
o porta-voz. Uma autoridade
policial, porém, confirmou a
medida sob anonimato -segundo ela, a ordem veio do Ministério do Interior.
A relação entre a Rússia e a
ex-república soviética de 5 milhões de habitantes é tensa desde 2003, quando a chamada
Revolução Rosa levou à Presidência da Geórgia um dirigente
pró-ocidental, Mikhail Saakashvili. Ele enfureceu Moscou
com iniciativas para integrar o
país do Cáucaso, que a Rússia
considera sua zona de influência, à Otan, a aliança militar ocidental.
A atual crise explodiu na semana passada, quando a Geórgia prendeu cinco militares
russos sob a acusação de espionagem e de incentivarem os
movimentos separatistas nas
regiões georgianas da Abkházia
e Ossétia do Sul. Como um resquício da era soviética, a Rússia
mantém bases militares na
Geórgia, cuja desativação está
prevista para 2008.
Entre as represálias adotadas
na última semana pelo russos
estão a restrição de vistos para
georgianos -há atualmente 1
milhão de georgianos morando
na Rússia- e o corte das ligações por terra, mar e avião. Dezenas de pessoas pediram ajuda ao consulado georgiano em
Moscou para voltar para casa.
Vários negócios da comunidade georgiana foram fechados na
cidade, sob alegações diversas.
Apesar de os cinco militares
terem sido soltos há dois dias,
ontem pelo menos 130 georgianos foram deportados, num
avião de carga, sob a acusação
de serem ilegais. Ao chegarem a
Tbilisi, muitos empunhavam
seus passaportes com vistos
russos. Um grupo de 180 russos, por sua vez, deixou a Geórgia, temendo sanções. No aeroporto, o ministro da Economia
georgiano, Irakly Chogovadze,
presenteou-os com vinhos.
O resultado parcial das eleições municipais de anteontem
na Geórgia apontou vitória do
partido do presidente na maioria das cidades. Autoridades
russas puseram em dúvida a
eleição, mas observadores internacionais disseram não ter
detectado irregularidades.
Com agências internacionais
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