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Parlamento respalda premiê, e húngaros voltam às ruas
Joe Klamar/France Presse
![](../images/e0710200601.jpg) |
Manifestantes protestam diante do congresso, em Budapeste |
Governo deve manter reformas; 80 mil protestam
RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL
Cerca de 80 mil manifestantes, reunidos em frente ao Parlamento húngaro, em Budapeste, pediram ontem a renúncia
do premiê Ferenc Gyurcsany,
poucas horas depois de ele ter
recebido um voto de confiança
dos deputados.
Gyurcsany, cujo Partido Socialista (ex-comunista) tem
maioria parlamentar, recebeu
207 votos a favor e 165 contra.
Ele pediu aos parlamentares
que não aceitassem "a chantagem dos protestos nas ruas"
promovidos pela oposição e
prometeu manter seu plano
econômico de austeridade.
Há protestos contra o premiê
desde que foram vazadas no
mês passado gravações onde
Gyurcsany dizia que mentiu sobre números da economia do
país para vencer a eleição de
abril passado.
A gravação foi feita em uma
reunião fechada do premiê com
deputados de seu partido. Ele
disse que o país estava quebrado e pedia apoio a reformas.
"Não fizemos nada, nada nos
últimos quatro anos."
Medidas impopulares
Nos últimos meses, o governo adotou uma série de medidas impopulares, como o aumento de impostos (como o de
valor agregado, equivalente ao
ICMS brasileiro), e cobrança de
mensalidades dos estudantes
nas universidades públicas. Para o orçamento de 2007, foram
anunciados cortes equivalentes
a US$ 4,6 bilhões.
Há mais protestos agendados
para o próximo dia 23, o 50º
aniversário da rebelião anti-soviética de 1956. Segundo analistas, a oposição não será capaz
de derrubar o governo.
Os protestos cresceram, mas
ainda não são majoritários na
sociedade húngara. Boa parte
dos manifestantes são convocados pelos partidos conservadores, ou são de extrema-direita", disse à Folha o professor
Kalman Deszeri, do Instituto
para a Economia Mundial, um
centro de estudos da Academia
Húngara de Ciências. "Há grupos agressivos, mas não são
majoritários."
Para ele, muitos húngaros
ainda não se deram conta que
"não dá para manter todos os
serviços públicos que foram
gratuitos por 40 anos de socialismo". "As universidades públicas terão que cobrar mensalidades para manter a qualidade, e o sistema de pensões e de
saúde está no vermelho há
anos. Alguém tem que pagar a
conta", diz Deszeri.
Gyurcsany disse aos parlamentares que ele manteria os
planos para reduzir o déficit
público da Hungria, o maior da
União Européia (10,1%) até
2009, deixando o país mais
próximo das metas exigidas para a adesão ao euro (déficit de
até 3% do PIB).
A Hungria é um dos novos
membros da União Européia e,
graças a seu crescimento econômico, era considerada um
modelo entre os antigos países
da Europa comunista.
"Não há outro plano econômico à vista, ainda que ninguém goste de ajustes. A direita
é populista. O mercado financeiro e os empresários apóiam
Gyurcsany. Ele não está tão
forte, mas está longe de ficar
fraco", diz Deszeri.
Com agências internacionais
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