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País vive onda crescente de ataques racistas
DA REDAÇÃO
A atual perseguição aos georgianos é mais uma expressão do
alarmante crescimento da xenofobia na Rússia, onde convivem 50 nacionalidades e há 17
milhões de imigrantes (numa
população de 142 milhões). Em
maio, um relatório da Anistia
Internacional afirmou que 28
estrangeiros haviam sido mortos em ataques xenófobos no
país em 2005. Para a organização, a violência racista na Rússia, na época, já estava "fora de
controle".
O problema se agravou neste
ano. Segundo reportagem recente do jornal francês "Le
Monde", 33 pessoas "de aparência não eslava" foram assassinadas em ataques semelhantes apenas nos primeiros nove
meses de 2006.
O mais grave episódio de violência recente entre russos e
estrangeiros ocorreu no fim de
agosto, quando uma briga de
bar se transformou em um
grande confronto na cidade de
Kondopoga, perto da fronteira
com a Finlândia. Um grupo de
jovens russos se desentendeu
com o dono do café Tchaika, de
propriedade de um azerbaijano, que chamou o reforço de
conterrâneos. Na pancadaria,
dois russos foram mortos.
O incidente levou milhares
de pessoas, apoiadas por grupos nacionalistas de Moscou e
São Petersburgo, como o Movimento contra a Imigração Ilegal (DPNI), a atacar propriedades dos "tchiornye" (os "morenos"), exigindo a deportação de
todos os estrangeiros. Dezenas
de tchetchenos, azerbaijanos e
georgianos fugiram. "Le Monde" comparou a violência aos
pogroms, os ataques contra judeus e outras minorias que
eram comuns na Rússia da virada do século 19 para o 20.
O confronto de Kondopoga
não foi um fato isolado. Em
maio, na cidade de Kharagun
(região de Tchita, no sudeste),
choques étnicos entre russos e
azerbaijanos deixaram um
morto. Um mês depois, 75 chineses foram expulsos do povoado de Targuis (região de Irkutsk). Ataques aleatórios a estrangeiros, com a tolerância
das autoridades, segundo a
Anistia, viraram rotina.
"Algumas autoridades russas
estão fazendo vista grossa", disse Karen Allen, diretora da
Anistia Internacional. "Em vez
de verem como meros atos de
vandalismo os bárbaros e organizados ataques contra estudantes de países da África e do
sudeste da Ásia e russos não-eslavos, a polícia deveria encarar de frente a crescente onda
de racismo violento na Rússia."
Enquanto reprime a ação da
imprensa e de organizações
não-governamentais, Moscou
dá liberdade de ação a grupos
ultranacionalistas e neonazistas, como a União Eslava, a Unidade Nacional Russa e o Partido Nacional-Socialista
"A intolerância étnica, o medo dos imigrantes e o ódio aumentaram tanto desde o início
da segunda guerra da Tchetchênia, em 1999, que a Rússia
se tornou o país mais xenófobo
da Europa", disse ao "Monde" o
sociólogo Lev Gudko.
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