São Paulo, quarta-feira, 07 de outubro de 2009

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Ex-oficial acusado pelo genocídio ruandês é capturado em Uganda

Idelphonse Nizeyimana era um dos mais procurados suspeitos do massacre

DA REDAÇÃO

Foi preso em Uganda anteontem um dos mais procurados fugitivos do genocídio em Ruanda, um ex-oficial de inteligência acusado por envolvimento no massacre de milhares de civis -incluindo uma rainha da etnia tutsi- em 1994.
Idelphonse Nizeyimana acabou detido dias após entrar em Uganda a partir da República Democrática do Congo (ex-Zaire), para onde fugira após o genocídio. Ele foi capturado em Campala e será extraditado para a Tanzânia, onde enfrentará julgamento no Tribunal Penal Internacional para Ruanda (TPIR), da ONU, em Arusha.
Nizeyimana estava entre os 12 suspeitos mais procurados pelo tribunal da ONU devido ao genocídio de 1994, no qual quase 1 milhão de pessoas foram mortas-a maioria tutsis étnicos e a golpes de facão.
Havia uma recompensa, oferecida pelos EUA, de US$ 5 milhões por sua captura.
Além de genocídio e crimes contra a humanidade, pesam contra ele acusações de cumplicidade com genocídio e incitação direta e pública para cometer genocídio.
O tribunal suspeita que o ex-oficial preparou listas de intelectuais tutsis e outros com posições de autoridade para serem mortos por soldados e milícias hutus.
Ele também é suspeito de armar bloqueios em estradas onde tutsis eram parados e assassinados, além de prover armas e transporte para milícias ciente de que seriam usados para ataques.
"Seu nome pode ser traduzido como "eu acredito em Deus", o que infelizmente não é verdade. Ele acredita na morte", disse o ministro da Justiça ruandês, Tharcisse Karugarama, sobre Nizeyimana.
"A prisão é um grande alívio para os sobreviventes do genocídio", completou o ministro.
O governo atual de Ruanda, chefiado pelo presidente tutsi Paul Kagame, afirma que Nizeyimana foi o principal organizador do genocídio na Província de Butare (sul) e que ele passou os últimos 15 anos lutando em um grupo rebelde hutu que atua nas florestas da República Democrática do Congo.
Como comandante do grupo de ex-soldados hutus Forças Democráticas de Libertação de Ruanda, Nizeyimana é acusado por alguns dos mais atrozes ataques perpetrados no leste do Congo, palco de violentas disputas étnicas.
A exemplo do que aconteceu com ele, centenas de milhares de hutus cruzaram a fronteira para o Congo após o genocídio, intensificando as disputas por recursos no leste desse país.

Com agências internacionais



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