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EUA querem deter imigrante ilegal em hotel
Projeto de reforma do sistema de detenção de quem o governo quer deportar prevê ainda construção de instalações-modelo
Objetivo é aliar melhores condições de confinamento com redução de custos do sistema, que hoje onera o Estado em US$ 2,4 bi anuais
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
Hotéis e casas de repouso poderão se tornar novos centros
de detenção de imigrantes em
situação irregular nos EUA.
A proposta faz parte do projeto de reforma do sistema de
detenção americano, que prevê
ainda a construção de duas instalações-modelo. O objetivo é
mudar a maneira como são tratadas as pessoas que o governo
pretende deportar e ainda reduzir custos. O sistema atual
custa ao governo US$ 2,4 bilhões por ano.
A ideia é definir o local onde o
detento ficará de acordo com o
risco que ele representa. Hotéis
e casas de repouso só estariam
disponíveis para imigrantes
que não são criminosos e não
apresentam comportamento
violento. No fim deste mês, o
governo inicia pesquisas por locais que poderiam ser convertidos em novas instalações.
O sistema de detenção cresceu rapidamente nos últimos
anos, como resultado da política do governo de George W.
Bush de maior rigidez em relação aos imigrantes em situação
irregular. Em 1995, existiam
7.500 leitos. Hoje o número ultrapassa os 30 mil.
No ano passado, o total de
pessoas que passaram por esses
centros ou ficaram sob supervisão atingiu 378.582. No começo
de setembro, existiam 31.075
imigrantes detidos e 19.169 em
programas alternativos.
Do total de presos em setembro, 51% eram considerados
criminosos (e 11% deles tinham
cometido crimes violentos).
"Essas novas iniciativas vão
melhorar a confiabilidade e segurança em nossas instalações
de detenção enquanto continuamos a aplicar de forma efetiva e inteligente as leis de imigração em nosso país", afirmou
a secretária de Segurança Doméstica, Janet Napolitano.
As mudanças são uma resposta às reclamações de grupos
de direitos humanos em relação à qualidade do atendimento médico dado aos detentos e à
falta de acesso a serviços básicos, como telefone para falar
com advogado.
A revisão é complexa. O sistema é administrado por meio de
contratos com prisões e instalações privadas.
Na prática, a maioria foi
construída como cadeia ou prisão para confinar detentos antes do julgamento ou criminosos sentenciados. Uma das medidas emergenciais é justamente a criação de um cadastro para centralizar a gestão dos cerca
de 300 contratos vigentes.
A ideia é aplicar sanções que
podem culminar com o rompimento do contrato caso as instalações não ofereçam serviços
dentro dos padrões exigidos
pelo governo.
Uma das propostas do governo é aumentar a proporção de
pessoas em programas alternativos, como braceletes eletrônicos, que representam um custo
bem mais baixo para o governo.
Enquanto tais soluções custam
cerca de US$ 14 por dia, o sistema vigente pode ultrapassar os
US$ 100 diários por pessoa.
O plano de reforma do sistema inclui metas para o período
de um ano. Uma delas é o lançamento de duas concorrências
para a construção de instalações que sirvam de modelo para as demais. Além disso, o governo pretende rever todos os
contratos e padrões de detenção de imigrantes.
Em relação aos cuidados médicos, o plano de reforma afirma apenas que dentro de um
período de seis meses o governo vai implementar um sistema de classificação para dar
apoio aos detentos com necessidades médicas específicas ou
de saúde mental.
Na avaliação do governo, isso
reduzirá custos de transferência de detentos.
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