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Patriarca russo rejeita diálogo
PAULO DANIEL FARAH
da Redação
A campanha ecumênica e inter-religiosa liderada por João Paulo
2º sofreu mais um revés na semana passada. Após os protestos
hindus na Índia, sua tentativa de
aproximação com a Igreja Ortodoxa enfrenta novo obstáculo.
A Igreja Católica, sob orientação direta do papa, promove iniciativas em prol da unidade cristã
na iminência do Grande Jubileu
do ano 2000.
Mas o patriarca ortodoxo russo,
Alexis 2º, rechaçou um encontro
com o papa. "Se o papa fosse à
Rússia, não poderíamos reunir-nos", declarou anteontem.
A Igreja Ortodoxa, cuja liturgia
normalmente recorre a mais ritos
que a católica, não reconhece a
primazia do papa. Seu líder acusa
o Vaticano de proselitismo num
espaço "naturalmente ortodoxo":
Rússia, Ucrânia e Belarus.
Um dos principais entraves para a reaproximação se refere à
conturbada relação entre ortodoxos e uniatas, que disputam paróquias na Ucrânia desde 1991.
Após a independência, nesse ano,
as autoridades devolveram parte
das propriedades aos uniatas,
cristãos de rito ortodoxo que reconhecem a autoridade do papa.
Muitas igrejas uniatas tinham
sido entregues à força para a Igreja Ortodoxa Russa por Josef Stálin
na década de 40. No regime comunista (oficialmente ateu), as
autoridades prenderam padres e
bispos e fecharam seminários.
O patriarca russo havia sinalizado, no início do ano, estar aberto
ao diálogo ecumênico. A partir de
março, no entanto, o ataque da
Otan (aliança militar ocidental)
contra a Iugoslávia, país de maioria cristã ortodoxa, aumentou o
distanciamento entre essas igrejas. O patriarca russo cancelou
um encontro com o papa, que
condenou os bombardeios, mas
também a "limpeza étnica" comandada pelos iugoslavos contra
os kosovares de etnia albanesa.
O papa realizou a primeira visita de um chefe da Igreja Católica a
um país de maioria ortodoxa no
último mês de maio: a Romênia
(onde 87% da população é ortodoxa). Na época, analistas e membros do clericato afirmaram que o
Vaticano tinha esperança de que a
viagem histórica abrisse caminho
para uma reconciliação entre católicos e ortodoxos, que incluiria
a Rússia no roteiro.
Após o fim do comunismo, a
Rússia vem vivenciando um renascimento do fervor religioso.
A passagem do papa pela Geórgia (com maioria ortodoxa), após
a Índia, insere-se nesse esforço
conciliador. Boa parte da liturgia
será em georgiano. Russo, armênio, azerbaijano e siríaco, além de
latim, comporão ainda o mosaico
linguístico, dada a diversidade de
comunidades presentes.
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