São Paulo, sábado, 08 de janeiro de 2005

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Destruição na Indonésia é a pior já vista, diz Annan

DA REDAÇÃO

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, descreveu a destruição na ilha indonésia de Sumatra como a pior já vista, após sobrevoar a região, enquanto autoridades locais anunciaram a descoberta de mais 7.000 corpos entre os escombros da cidade de Meulaboh.
"Nunca havia visto tamanha destruição milha após milha", disse Annan após o vôo, em que foi acompanhado pelo presidente do Banco Mundial, James Wolfensohn. "Você se pergunta: onde estão as pessoas? O que aconteceu com elas?", afirmou.
A contagem total dos mortos em toda a região pelo tsunami já supera os 153 mil. Apenas na Indonésia são 101.318 mortes.
Outra autoridade a visitar as áreas afetadas ontem foi o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, que fez um tour por regiões devastadas do Sri Lanka, onde 30.718 pessoas morreram.
"A destruição que vimos foi significativa. Há mais do que muros que foram derrubados ou prédios que foram destruídos, mas vidas que foram esmagadas e varridas", disse Powell.
Equipes de ajuda continuam com dificuldades para chegar à região da ilha de Sumatra ao sul de Meulaboh, praticamente sem socorro 12 dias após o tsunami.
"Não temos informação nenhuma abaixo de Meulaboh. É uma grande preocupação", disse Michael Elmquist, chefe da ONU na Província indonésia de Aceh. Segundo Elmquist, fotos de satélite mostram que "uma área que costumava ser terra agora é mar".

Problemas na ajuda
Na Índia, membros da casta dos "intocáveis", conhecida como Dalit e tida como a mais inferior no país, estão sendo forçados a deixar os campos de desabrigados por pessoas de castas mais elevadas, além de terem acesso negado a itens de ajuda, segundo ativistas de direitos humanos.
"Nos campos de desabrigados somos tratados diferentemente devido ao nosso status social. Não recebemos suprimentos. O governo diz que não precisamos receber nada porque não somos muito afetados", disse Chandra Jayaram, membro da casta dos Dalit.
ONGs afirmam que nenhuma autoridade governamental ou equipe de resgate chegou ao vilarejo que abriga 83 famílias de "intocáveis", a mais de 30 km da cidade de Nagapattinam, uma das mais afetadas na Índia.
O governo indiano nega as afirmações e diz que está dando ajuda a todas as famílias afetadas.
No Sri Lanka, uma garota de 18 anos, que não quis se identificar, disse que foi estuprada por um homem que a socorreu durante o maremoto. Enquanto se debatia na água, o homem lhe estendeu a mão e disse que a salvaria. Quando a corrente os deixou em terra firme, o homem a jogou sobre alguns arbustos e a violentou.
"Eu gritei e pedi que ele não me machucasse. Ele apertou meu pescoço e disse que se ele me matasse naquele momento ninguém iria saber", afirmou a jovem.
O caso não é exceção no país. Autoridades cingalesas têm recebido numerosas denúncias de abuso sexual, inclusive contra crianças. Alguns casos ocorreram em campos de refugiados.

Brasil manda soldados
O governo brasileiro disse ontem que homens do Exército serão enviados ao Sudeste Asiático, caso tal iniciativa seja requisitada nos próximos dias pela ONU.
O comando do Exército, em reuniões durante toda a semana, disponibilizou um efetivo de cerca de cem homens para embarcar aos locais atingidos pelo maremoto. Helicópteros também poderão ser deslocados ao local.
O Itamaraty recebeu ontem informações sobre mais 26 brasileiros que eram tidos como desaparecidos na região afetada pelo maremoto. Agora são 53 os que ainda não deram sinal de vida aos familiares desde a tragédia.


Com agências internacionais

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