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Destruição na Indonésia é a pior já vista, diz Annan
DA REDAÇÃO
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, descreveu a destruição
na ilha indonésia de Sumatra como a pior já vista, após sobrevoar
a região, enquanto autoridades
locais anunciaram a descoberta
de mais 7.000 corpos entre os escombros da cidade de Meulaboh.
"Nunca havia visto tamanha
destruição milha após milha",
disse Annan após o vôo, em que
foi acompanhado pelo presidente
do Banco Mundial, James Wolfensohn. "Você se pergunta: onde
estão as pessoas? O que aconteceu
com elas?", afirmou.
A contagem total dos mortos
em toda a região pelo tsunami já
supera os 153 mil. Apenas na Indonésia são 101.318 mortes.
Outra autoridade a visitar as
áreas afetadas ontem foi o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, que fez um tour por regiões
devastadas do Sri Lanka, onde
30.718 pessoas morreram.
"A destruição que vimos foi significativa. Há mais do que muros
que foram derrubados ou prédios
que foram destruídos, mas vidas
que foram esmagadas e varridas",
disse Powell.
Equipes de ajuda continuam
com dificuldades para chegar à
região da ilha de Sumatra ao sul
de Meulaboh, praticamente sem
socorro 12 dias após o tsunami.
"Não temos informação nenhuma abaixo de Meulaboh. É uma
grande preocupação", disse Michael Elmquist, chefe da ONU na
Província indonésia de Aceh. Segundo Elmquist, fotos de satélite
mostram que "uma área que costumava ser terra agora é mar".
Problemas na ajuda
Na Índia, membros da casta dos
"intocáveis", conhecida como
Dalit e tida como a mais inferior
no país, estão sendo forçados a
deixar os campos de desabrigados
por pessoas de castas mais elevadas, além de terem acesso negado
a itens de ajuda, segundo ativistas
de direitos humanos.
"Nos campos de desabrigados
somos tratados diferentemente
devido ao nosso status social. Não
recebemos suprimentos. O governo diz que não precisamos receber nada porque não somos muito afetados", disse Chandra Jayaram, membro da casta dos Dalit.
ONGs afirmam que nenhuma
autoridade governamental ou
equipe de resgate chegou ao vilarejo que abriga 83 famílias de "intocáveis", a mais de 30 km da cidade de Nagapattinam, uma das
mais afetadas na Índia.
O governo indiano nega as afirmações e diz que está dando ajuda a todas as famílias afetadas.
No Sri Lanka, uma garota de 18
anos, que não quis se identificar,
disse que foi estuprada por um
homem que a socorreu durante o
maremoto. Enquanto se debatia
na água, o homem lhe estendeu a
mão e disse que a salvaria. Quando a corrente os deixou em terra
firme, o homem a jogou sobre alguns arbustos e a violentou.
"Eu gritei e pedi que ele não me
machucasse. Ele apertou meu
pescoço e disse que se ele me matasse naquele momento ninguém
iria saber", afirmou a jovem.
O caso não é exceção no país.
Autoridades cingalesas têm recebido numerosas denúncias de
abuso sexual, inclusive contra
crianças. Alguns casos ocorreram
em campos de refugiados.
Brasil manda soldados
O governo brasileiro disse ontem que homens do Exército serão enviados ao Sudeste Asiático,
caso tal iniciativa seja requisitada
nos próximos dias pela ONU.
O comando do Exército, em
reuniões durante toda a semana,
disponibilizou um efetivo de cerca de cem homens para embarcar
aos locais atingidos pelo maremoto. Helicópteros também poderão
ser deslocados ao local.
O Itamaraty recebeu ontem informações sobre mais 26 brasileiros que eram tidos como desaparecidos na região afetada pelo maremoto. Agora são 53 os que ainda não deram sinal de vida aos familiares desde a tragédia.
Com agências internacionais
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