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ÉTICA
Williams reconhece erro, porém governo se defende de acusação de suborno
Jornalista leva dinheiro para
promover
ação de Bush
DA ASSOCIATED PRESS
O governo americano deu dinheiro a um importante jornalista
para que ele promovesse a lei de
educação de George W. Bush e
desse espaço na mídia ao secretário da Educação, Rod Paige, segundo registros obtidos pela Associated Press.
Armstrong Williams, uma personalidade do rádio, da imprensa
escrita e da TV dos EUA, recebeu
US$ 240 mil do Departamento da
Educação para promover o programa governamental No Child
Left Behind (nenhuma criança
deixada para trás).
O contrato exigia que a empresa
de Williams, o Graham Williams
Group, produzisse propagandas
de rádio e de TV que promovessem a polêmica lei, contando com
a presença de Paige.
Além disso, o acordo também
previa que o secretário da Educação e outros funcionários do departamento aparecessem como
convidados em programas apresentados por Williams.
Este, que é considerado um dos
negros conservadores mais influentes dos EUA, também deveria, ainda de acordo com o contrato, tentar convencer outros jornalistas negros a dar oportunidade aos altos funcionários do governo para divulgar o programa
No Child Left Behind.
A lei de educação, considerada
um dos principais projetos da
agenda doméstica do segundo
mandato de Bush, tem como objetivo melhorar os resultados escolares de crianças que vivem em
comunidades pobres ou minoritárias. Ele prevê a aplicação de
sanções a escolas que não atingirem as metas estabelecidas.
Scott McClellan, porta-voz da
Casa Branca, disse ontem que as
decisões relacionadas ao caso foram tomadas pelo Departamento
da Educação. Questionado sobre
a possibilidade de a Casa Branca
ter apoiado essas decisões, ele foi
evasivo, afirmando que se tratava
de uma questão da alçada do Departamento da Educação.
O departamento defendeu sua
atitude e a classificou de "uso permitido de dinheiro dos contribuintes na forma de práticas legais de contratações feitas pelo
governo". O objetivo era ajudar
os pais, particularmente em comunidades pobres e minoritárias,
a entender os benefícios da lei, de
acordo com o Departamento da
Educação.
Três senadores democratas enviaram carta a Bush para exigir
que o dinheiro pago a Williams
fosse recuperado pelo governo.
Segundo eles, "o ato de subornar
jornalistas para que as notícias
por eles veiculadas sejam favoráveis a políticas governamentais
mina a integridade da democracia americana".
O contrato cobria os anos de
2003 e de 2004. A informação foi
veiculada em primeiro lugar pelo
diário americano "USA Today".
Williams reconheceu que as críticas às suas relações com o Departamento da Educação eram
"legítimas". "Trata-se de uma linha tênue. Embora eu não seja
um repórter, mas um comentarista, creio que eu deva seguir os padrões de ética da imprensa. Meu
julgamento não foi o melhor. Não
faria isso novamente e aprendi a
lição", disse Williams à agência de
notícias Associated Press.
Não foi a primeira vez em que o
departamento foi alvo de críticas
por conta de seus esforços de publicidade. O governo Bush já promovera o No Child Left Behind
com um vídeo que parece ser uma
notícia, mas não informa que ele
foi pago com dinheiro público.
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