São Paulo, sábado, 08 de janeiro de 2005

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ÉTICA

Williams reconhece erro, porém governo se defende de acusação de suborno

Jornalista leva dinheiro para promover ação de Bush

DA ASSOCIATED PRESS

O governo americano deu dinheiro a um importante jornalista para que ele promovesse a lei de educação de George W. Bush e desse espaço na mídia ao secretário da Educação, Rod Paige, segundo registros obtidos pela Associated Press.
Armstrong Williams, uma personalidade do rádio, da imprensa escrita e da TV dos EUA, recebeu US$ 240 mil do Departamento da Educação para promover o programa governamental No Child Left Behind (nenhuma criança deixada para trás).
O contrato exigia que a empresa de Williams, o Graham Williams Group, produzisse propagandas de rádio e de TV que promovessem a polêmica lei, contando com a presença de Paige.
Além disso, o acordo também previa que o secretário da Educação e outros funcionários do departamento aparecessem como convidados em programas apresentados por Williams.
Este, que é considerado um dos negros conservadores mais influentes dos EUA, também deveria, ainda de acordo com o contrato, tentar convencer outros jornalistas negros a dar oportunidade aos altos funcionários do governo para divulgar o programa No Child Left Behind.
A lei de educação, considerada um dos principais projetos da agenda doméstica do segundo mandato de Bush, tem como objetivo melhorar os resultados escolares de crianças que vivem em comunidades pobres ou minoritárias. Ele prevê a aplicação de sanções a escolas que não atingirem as metas estabelecidas.
Scott McClellan, porta-voz da Casa Branca, disse ontem que as decisões relacionadas ao caso foram tomadas pelo Departamento da Educação. Questionado sobre a possibilidade de a Casa Branca ter apoiado essas decisões, ele foi evasivo, afirmando que se tratava de uma questão da alçada do Departamento da Educação.
O departamento defendeu sua atitude e a classificou de "uso permitido de dinheiro dos contribuintes na forma de práticas legais de contratações feitas pelo governo". O objetivo era ajudar os pais, particularmente em comunidades pobres e minoritárias, a entender os benefícios da lei, de acordo com o Departamento da Educação.
Três senadores democratas enviaram carta a Bush para exigir que o dinheiro pago a Williams fosse recuperado pelo governo. Segundo eles, "o ato de subornar jornalistas para que as notícias por eles veiculadas sejam favoráveis a políticas governamentais mina a integridade da democracia americana".
O contrato cobria os anos de 2003 e de 2004. A informação foi veiculada em primeiro lugar pelo diário americano "USA Today".
Williams reconheceu que as críticas às suas relações com o Departamento da Educação eram "legítimas". "Trata-se de uma linha tênue. Embora eu não seja um repórter, mas um comentarista, creio que eu deva seguir os padrões de ética da imprensa. Meu julgamento não foi o melhor. Não faria isso novamente e aprendi a lição", disse Williams à agência de notícias Associated Press.
Não foi a primeira vez em que o departamento foi alvo de críticas por conta de seus esforços de publicidade. O governo Bush já promovera o No Child Left Behind com um vídeo que parece ser uma notícia, mas não informa que ele foi pago com dinheiro público.


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