São Paulo, sábado, 08 de janeiro de 2005

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ÁFRICA

Soldado dava US$ 2 ou dois ovos em troca de sexo com menina de 14 anos; para organismo, comportamento é "imperdoável"

ONU relata abusos de seus soldados no Congo

DA REDAÇÃO

Soldados da força de paz da ONU na República Democrática do Congo (ex-Zaire) exploraram e abusaram sexualmente de mulheres e meninas, algumas com até 13 anos de idade, segundo relatório divulgado ontem pelo Escritório de Serviços de Vigilância Interna do organismo.
O contato sexual entre os soldados e mulheres e meninas congolesas acontecia com regularidade, normalmente em troca de comida e pequena somas em dinheiro, afirma o relatório.
"Tivemos e continuamos a ter um problema sério de exploração e abuso sexual", disse William Lacy Swing, representante especial da ONU para o Congo.
"Estamos chocados, estamos ultrajados, estamos enojados com isso", acrescentou. "Soldados da força de paz que juraram assistir àqueles em necessidade, particularmente àqueles que foram vítimas de violência sexual, causaram, ao contrário, danos graves. É um comportamento imperdoável, e estamos determinados a reprimi-lo."
"Dezenas de entrevistas com as meninas e com homens congoleses que facilitavam os encontros revelaram um padrão de exploração sexual pelos soldados."
Num dos casos relatados, uma menina de 14 anos recebia cerca de US$ 2 ou dois ovos, cada vez que fazia sexo com um soldado, enquanto outra menina da mesma idade recebia pacotes de leite.
O relatório aponta ainda que os abusos continuaram mesmo enquanto a investigação esteve em curso, entre maio e setembro de 2004.
"Está claro que a investigação não serviu para impedir alguns dos soldados, talvez porque eles não tenham sido esclarecidos sobre as severas penas por adotar tal conduta nem tenham visto evidência de um impacto negativo sobre soldados por tal comportamento", diz o documento.
Os investigadores afirmaram também que comandantes militares de alguns contingentes tentaram impedir seu trabalho, sonegando informações e assistência ou interferindo na investigação.
A equipe investigou 72 acusações contra funcionários da ONU, tanto civis como militares, resultando em 20 relatos. Destes, 19 envolviam soldados.
"Em seis casos, as alegações contra os soldados estavam substanciadas, e meninas menores de idade estavam envolvidas em todos eles", afirma o documento. Nenhum dos soldados admitiu culpa nas acusações.


Com agências internacionais

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