São Paulo, terça-feira, 08 de fevereiro de 2005

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ORIENTE MÉDIO

Cessar-fogo será declarado em cúpula histórica, dizem autoridades dos dois lados; Hamas não confirma

Sharon e Abbas devem anunciar trégua hoje

DA REDAÇÃO

Israel e os palestinos anunciarão um cessar-fogo formal na cúpula de hoje no Egito para tentar interromper os mais de quatro anos de violência na região, segundo disseram autoridades dos dois lados.
O encontro histórico do premiê de Israel, Ariel Sharon, com o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, no balneário de Sharm el-Sheik, às margens do mar Vermelho, será o primeiro envolvendo as duas mais importantes autoridades dos dois lados desde 2000, quando fracassou a cúpula de Camp David, nos EUA.
Abbas e Sharon se encontraram em meados de 2003 para lançar o "Mapa do Caminho" (plano de paz apoiado pelos EUA). Porém, na época, Iasser Arafat, morto em novembro, era quem realmente mandava no lado palestino.
Além de anunciar a trégua hoje, o encontro, que contará com a presença do presidente do Egito, Hosni Mubarak, e do rei Abdullah, da Jordânia, pode servir de plataforma de relançamento do "Mapa do Caminho", cujo objetivo final é a criação de um Estado palestino em paz com Israel.
Em um sinal de que os EUA estão comprometidos com a retomada das negociações de paz, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, indicou o general William Ward para coordenar a área de segurança para o Oriente Médio. Entre as funções do militar está a de treinar as forças de segurança palestinas.
Rice, que anteontem visitou a Cisjordânia e Israel, disse ainda que Sharon e Abbas irão neste semestre para os EUA, onde deverão se reunir com o presidente George W. Bush na Casa Branca. As visitas serão separadas.
Bush nunca concordou em se reunir com Arafat em seu primeiro mandato.
Em um importante impulso para o encontro de hoje, Mohammad Dahlam, um dos principais aliados de Abbas e responsável por questões de segurança, disse: "Nós chegamos a um acordo para decretar um cessar-fogo. Essa trégua significa que serão suspensas todas as ações israelenses e palestinas que não estejam de acordo com o "Mapa do Caminho'".
Uma autoridade israelense confirmou a informação. "Os palestinos devem anunciar o fim do terrorismo e da violência. Nós anunciaremos a suspensão das operações militares desde que não haja mais ataques terroristas", disse.
Já foram anunciadas tréguas anteriores, e todas fracassaram após algum período. A única diferença de agora para os períodos passados é que Abbas estaria, segundo analistas, realmente disposto a acabar com o terror.
Não está claro, porém, se os grupos terroristas palestinos estão realmente dispostos a interromper os ataques contra Israel.
Em Gaza, Mahmoud al Zahar, um dos principais líderes do Hamas, disse esperar que Abbas não dê nenhuma declaração sem consultar antes as facções palestinas.
Já houve muitas idas e vindas no possível cessar-fogo do Hamas. Líderes do grupo já disseram que aceitavam um cessar-fogo condicional, mas outros negaram.
No Brasil, o rabino Henry Sobel, presidente do rabinato da Congregação Israelita Paulista, deu declaração sobre o encontro: "O fator essencial para uma mudança é que os líderes palestinos atentem para as reais necessidades do seu povo em vez de recorrer ao ódio contra Israel como subterfúgio para se esquivar de sua responsabilidade governamental".


Com agências internacionais

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