São Paulo, terça-feira, 08 de fevereiro de 2005

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VISÃO ÁRABE

"Fronteiras do Estado palestino são o problema"

DA REDAÇÃO

O analista americano de origem árabe Hafez Malik, professor do Instituto de Oriente Médio da Universidade Villanova, nos EUA, afirma que o encontro de hoje pode ter alguns progressos, mas que os temas mais complexos, como a questão dos refugiados, o status final de Jerusalém e as fronteiras de um futuro Estado não estarão em pauta. Leia a seguir a entrevista concedida por telefone à Folha. (GC)

 

Folha - O sr. está otimista com o encontro no Egito?
Hafez Malik -
Em negociações envolvendo israelenses e palestinos o melhor é não ser nem otimista nem pessimista. Precisamos esperar. Haverá algum progresso, como um cessar-fogo. É o passo inicial, mais simbólico.

Folha - Pode ser que o encontro seja o início da retomada do processo de paz e o fim da Intifada?
Malik -
O processo de paz somente será retomado quando os dois lados se sentarem e discutirem todos os temas pendentes.

Folha - A ausência de Iasser Arafat facilita o diálogo?
Malik -
Sharon e Bush culpavam Arafat pela violência e pela Intifada, com alguma razão. Agora, os dois gostam de Abbas. O problema será quando chegar o momento de negociar as fronteiras do Estado palestino.

Folha - Como serão as fronteiras, na sua opinião?
Malik -
Sharon primeiramente retirará os assentamentos de Gaza. Depois buscará apoio dos americanos para manter os assentamentos na Cisjordânia. Os palestinos não terão outra opção a não ser negociar para tentar obter, em troca, parte do território de Israel, para que a Cisjordânia e a faixa de Gaza fiquem mais próximas, com áreas contíguas.

Folha - O Hamas aceitaria isso?
Malik -
Talvez não aceite, mas não há muito o que fazer.

Folha - E a questão dos refugiados, qual a saída? E Jerusalém?
Malik -
Os palestinos defenderão que os refugiados que têm familiares vivendo no que hoje é Israel possam voltar para as suas casas. Os demais poderiam ser assentados no futuro Estado ou nos países em que vivem. Já Jerusalém Oriental precisa ser palestina.

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