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VISÃO ISRAELENSE
"Abbas pode ser o Gorbatchov dos palestinos"
GUSTAVO CHACRA
DA REDAÇÃO
O professor da Universidade de
Tel Aviv Muli Peleg afirma que está otimista com a cúpula de hoje,
acrescentando que o presidente
Mahmoud Abbas terá a oportunidade de ser o "Gorbatchov dos
palestinos", em alusão ao ex-líder
soviético. A seguir, trechos da entrevista concedida à Folha.
Folha - O sr. está otimista com o
encontro no Egito? Vai mudar alguma coisa?
Muli Peleg - Posso dizer que estou otimista. Há toda há uma atmosfera de reconciliação. As negociações começam de um novo
ponto de partida, mais positivo.
Folha - A ausência da sombra de
Arafat contribui para o cenário?
Peleg - Arafat é a grande diferença, sem dúvida, e além disso Abbas é uma liderança mais legítima. Os israelenses passaram a
respeitá-lo após suas declarações
contra o terrorismo, contra a violência. Era o que israelenses queriam ouvir. O cenário é diferente.
Um homem como Abbas pode
mudar todo o conflito. É como
Gorbatchov para os soviéticos.
Folha - Grupos como o Hamas e o
Jihad Islâmico aceitarão tudo o que
for negociado?
Peleg - É perceptível que, de uns
anos para cá, houve uma mudança no discurso do grupo. Eles não
falam mais em um Estado em toda a região onde hoje está Israel e
os territórios palestinos. Já houve
manifestações de membros do
Hamas aceitando um Estado dentro das fronteiras de 1967.
Folha - E os colonos?
Peleg - São a mesma coisa que o
Hamas. A maioria dos colonos
entende que a maior parte da Cisjordânia e da faixa de Gaza será
dada para os palestinos. Uma pequena minoria tentará resistir. No
fim, prevalecerá a lei em Israel.
Folha - Temas complexos não serão discutidos, como Jerusalém e
os refugiados. Qual a saída?
Peleg - Jerusalém tem uma solução. A cidade nunca foi realmente
unida. O lado oriental é árabe.
Sobre os refugiados, Israel terá
de aceitar que errou no passado e
compensar os refugiados de alguma forma. E os palestinos teriam
de aceitar que os refugiados não
retornarão mais para as suas casas.
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