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TECNOLOGIA
Idéia visa combater envelhecimento do arsenal americano; críticos temem corrida armamentista
EUA começam a redesenhar armas atômicas
WILLIAM J. BROAD
DO ""NEW YORK TIMES"
Preocupados com a idéia de que
o arsenal nuclear americano está
envelhecendo e se enfraquecendo, cientistas americanos estão
começando a desenhar uma nova
geração de armas nucleares que
sejam mais fortes, mais confiáveis
e de vida mais longa.
As autoridades dizem que o
programa pode ajudar a reduzir
as dimensões do arsenal nuclear
americano e diminuir o alto custo
de sua manutenção. Para os críticos, porém, ele pode desencadear
uma nova corrida armamentista.
Até agora o esforço envolve apenas US$ 9 milhões para os projetistas de ogivas nos três laboratórios americanos de armas nucleares: Los Alamos, Livermore e Sandia. Especialistas que trabalham
nos três locais protegidos por forte segurança estão analisando dados sigilosos sobre armas, coletados ao longo de meio século, em
busca de idéias sobre como alcançar as metas de confiabilidade.
O programa inicial, relativamente pequeno e envolvendo menos de cem pessoas, deve crescer e
render projetos terminados nos
próximos cinco a dez anos, culminando na produção de protótipos
de ogivas, se a aprovação para eles
for pedida e obtida. Mais importante do que isso, porém, dizem
as autoridades, é o fato de que o
programa assinala uma mudança
fundamental na filosofia por trás
do desenho das armas nucleares.
Durante décadas os criadores
das bombas buscaram fazer uso
da tecnologia. As ogivas resultantes eram leves, muito poderosas e,
em alguns casos, tão pequenas
que uma dúzia podia caber num
míssil delgado. O estilo americano de ogiva era distinto dos de outros países. A maioria das outras
potências nucleares, com anos de
atraso atômico em relação aos
EUA e muitas vezes sem dispor
dos melhores materiais e da melhor mão-de-obra especializada,
se contentava com menos. Suas
armas nucleares tendiam a ser pesadas, embora confiáveis -mais
como Chevrolets do que como
carros de corrida.
Agora, os projetistas americanos estudam como inverter essa
tendência, para produzir armas
que sejam mais robustas, sob alguns aspectos imitando seus rivais, numa tentativa de evitar as
incertezas e a deterioração da velhice nuclear. Especialistas federais temem que, caso fosse preciso
fazer uso do arsenal nuclear, partes críticas dele poderiam falhar.
Originalmente, o tempo de vida
previsto das cerca de 10 mil ogivas
que compõem o arsenal americano era de cerca de 15 anos. Hoje
estão com 20 anos de idade, em
média, e algumas são muito mais
velhas ainda. Os especialistas dizem que o programa federal de
avaliação e manutenção dessas
ogivas não tem como confirmar
se elas estão em estado de uso, devido à proibição de realização de
testes nucleares subterrâneos.
No final de novembro o Congresso aprovou um item orçamentário pequeno, e que passou
em grande medida despercebido,
lançando o novo programa de
projetos de ogivas. Autoridades
federais dizem que o programa
pode, com o tempo, ajudar a recompor o arsenal com ogivas que
sejam mais resistentes e tenham
tempo de vida muito mais longo.
""É importante" que isso seja feito, disse John Harvey, diretor de
planejamento político da Administração Nacional de Segurança
Nuclear, que fiscaliza o arsenal.
Ele declarou que o objetivo do novo programa é criar armas que,
além de ser ""inerentemente confiáveis", sejam mais fáceis de fabricar e certificar como sendo potentes.""Nossos laboratórios vêm
estudando esse problema há 20
anos", disse Harvey. ""A meta é
criar desenhos mais inteligentes,
baratos e fáceis de manufaturar,
que possamos facilmente certificar como sendo seguros e confiáveis por tempo indeterminado
-e fazê-lo sem realizar testes."
O deputado republicano David
Hobson, presidente do Subcomitê de Apropriações sobre Desenvolvimento Energético e Hídrico
da Câmara dos Representantes,
elogiou o programa e disse que ele
pode abrir a oportunidade de serem feitos cortes drásticos no arsenal nuclear americano.
""Uma ogiva mais robusta e confiável", disse Hobson, ""pode garantir a proteção hoje proporcionada pela manutenção de milhares de ogivas desnecessárias."
Mas defensores do controle de
armas disseram que o programa é
provavelmente desnecessário e
perigoso. Para eles, o programa
corre o risco de dar início a uma
nova corrida armamentista, se
reativar os testes subterrâneos, e
pode levar à criação de ogivas dotadas de novas capacidades militares, o que poderia aumentar a
tentação de se fazer uso delas em
guerras.
Tradução de Clara Allain
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