|
Próximo Texto | Índice
Reino Unido entra em alerta após 7ª carta-bomba
Suspeitos são ativistas contra controle do tráfego e por direitos dos animais
Governo pede vigilância com correspondência; objetivo das cartas é provocar ferimentos leves, segundo investigador
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES
O Reino Unido entrou em
alerta após a explosão de uma
carta-bomba -a sétima em três
semanas- que feriu quatro
funcionárias da Autoridade de
Licenciamento de Motoristas e
Veículos, no País de Gales.
Foi o terceiro ataque seguido,
nos últimos três dias, a empresas ligadas ao controle de tráfego britânico. Anteontem, o alvo
foi uma firma que fornece radares de velocidade e, na segunda-feira, a empresa que administra a taxa de congestionamento de Londres.
Os incidentes começaram no
dia 18 de janeiro, quando três
empresas de testes científicos,
na Inglaterra, receberam cartas-bomba remetidas, segundo
suspeita a polícia, por ativistas
de direitos dos animais.
O outro alvo, atingido no sábado passado, foi uma residência que servia de endereço para
uma empresa de segurança já
fechada. No total, nove pessoas
tiveram ferimentos leves.
A Scotland Yard emitiu um
comunicado pedindo à população que "permaneça vigilante
ao lidar com itens recebidos pelo correio" e que relate qualquer incidente suspeito.
Anton Setchell, coordenador
nacional para o extremismo
doméstico, que investiga os sete ataques, disse que as cartas
não pretendiam matar, mas
"assustar e causar ferimentos
leves". "Elas não continham explosivos convencionais, eram
apenas pequenos mecanismos
pirotécnicos", disse Setchell.
O investigador também afirmou que as cartas não eram endereçadas a pessoas específicas, mas aos ocupantes de determinados cargos nas empresas. Todos os embrulhos eram
grossos, do tipo especial para
portar materiais pesados, e foram ativados quando abertos,
por dispositivos internos.
Setchell disse que nenhum
grupo reivindicou a autoria dos
ataques, mas que a polícia trabalha "com algumas linhas
prioritárias de investigação",
focando em grupos ligados à
defesa dos animais e manifestantes contra o sistema de controle de tráfego.
As cartas-bomba enviadas
em janeiro para os três laboratórios ingleses tinham no remetente o nome de Barry Horne, célebre ativista pró-animais
que morreu em uma greve de
fome na prisão, em 2001.
Quanto aos ataques às empresas ligadas ao trânsito, eles
acontecem duas semanas antes
da ampliação da área em que é
cobrada a taxa de congestionamento, destinada a diminuir o
fluxo de veículos em zonas movimentadas de Londres.
O único dos sete incidentes
ainda sem conexões evidentes
com algum dos outros é o que
atingiu a residência do diretor
de segurança Mike Wingfield,
53, no sábado passado.
Wingfield afirmou ter recebido um embrulho endereçado
ao "diretor-geral" da empresa
de segurança que sediava em
sua casa. Ao abri-lo, houve um
estouro e pedaços de vidro o feriram nas mãos e no abdômen.
Mania nacional
O Reino Unido tem um longo
histórico de protestos de organizações radicais como os Motoristas Contra a Detenção
-especialistas em explodir radares de velocidade- e a Milícia dos Direitos Animais, que já
ameaçou de morte diversos
cientistas.
O país também já enfrentou
campanhas de cartas-bomba
do IRA (Exército Republicano
Irlandês), na década de 1980, e
casos individuais, como a série
de 33 pacotes explosivos enviados pelo eletricista Justin
McAuliffe para sua ex-namorada e colegas, em 2004.
Próximo Texto: Polícia da Áustria descobre rede global de pedofilia Índice
|