São Paulo, segunda, 8 de fevereiro de 1999

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Novo rei jordaniano diz ser um "prolongamento' da visão do pai

CHRISTOPHE BOLTANSKI
do "Libération", em Amã

Abdullah afirma seguir um único modelo: seu pai. "Sou o prolongamento da visão e das convicções de sua majestade", declarou ao jornal árabe "Al Haiat" quando ainda era apenas príncipe herdeiro. Mas reafirmou esse compromisso ontem, após subir ao trono: "Vamos conservar sua herança".
Quando seus professores na Universidade Georgetown lhe perguntavam sobre os maiores estadistas do século, Abdullah respondia, sem hesitar: "Meu rei". Agora o admirador vai transmudar-se em imitador. "Com relação ao processo de paz ou ao Iraque, não haverá mudanças notáveis. Abdullah vai seguir o caminho traçado por Hussein", previu o célebre cronista jordaniano Fahed el Fanek.
Pai e filho se assemelham fisicamente e, mais ainda, em termos de caráter. Um frequentador do palácio explica: "Eles têm em comum o mesmo modo simples e cativante de tratar as pessoas".
Ambos formados na academia militar de Sandhurst, Hussein se sentia e Abdullah se sente tão à vontade entre soldados quanto na corte. Abdullah possui uma franqueza tipicamente militar. "Se ele antipatizar com você, fará você senti-lo de imediato", confiou um de seus interlocutores, na época em que Abdullah dirigia as "forças especiais", uma das unidades de elite do Exército. "Ele gosta de percorrer as cantinas militares e não se esquece de cumprimentar oficiais de alto escalão e sargentos simples com a mesma simpatia."
Desde que o poder passou para suas mãos, Abdullah está tentando tranquilizar seus súditos. O rei está morto, viva o rei! A continuidade dinástica se fará acompanhar por uma continuidade política.
Ninguém prevê uma troca significativa de integrantes dos altos escalões do governo.


Tradução de Clara Allain



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