São Paulo, sábado, 08 de abril de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VENEZUELA
Presidente fica fortalecido depois da visita de FHC
Chávez prevê uma vitória por "nocaute" nas eleições de maio


ELIANE CANTANHÊDE
enviada especial a Caracas

Politicamente fortalecido com a visita oficial de dois dias do presidente Fernando Henrique Cardoso à Venezuela, o presidente Hugo Chávez reagiu com um sorriso e a simulação de um soco no ar à pergunta de jornalistas brasileiros sobre as eleições presidenciais de 28 de maio.
"Nocaute", disse Chávez, que, apesar de estar completando um ano e dois meses na Presidência, decidiu incluir seu próprio mandato nas eleições gerais para o Congresso, os governos estaduais e as prefeituras.
Seu principal adversário é o também militar da reserva Francisco Arias Cárdenas, que era do seu grupo político e rompeu com o governo fazendo pesadas acusações, inclusive de corrupção.
Apesar do crescimento de Arias Cárdenas nas pesquisas, Chávez mantém o mesmo estilo de falar muito e não economizar frases de efeito. Disse que os que temem ameaças à democracia na Venezuela "estão completamente enganados".
"Estamos saindo de um labirinto negro de décadas. O processo revolucionário é apoiado pela imensa maioria do povo. Eu sou apenas um instrumento", disse, em entrevista.
FHC e Chávez conversaram mais de uma hora a sós, na quinta-feira, e participaram das solenidades oficiais rindo, trocando tapas nas costas, fazendo brincadeiras. Eles, porém, discordaram pelo menos num ponto: a forma de combater o narcotráfico.

Otan
Ontem pela manhã, Chávez disse que na reunião dos presidentes da América do Sul em Brasília, nos dias 31 de agosto e 1º de setembro, seria discutido "um mecanismo de defesa da América do Sul, assim como existe a Otan no (Hemisfério) Norte".
À tarde, foi a vez de FHC falar sobre o assunto. Ele rechaçou a idéia de um organismo tão militarizado quanto a Otan. Com um ar de surpresa, disse: "Acho que não é Otan".
Depois, explicou que defende formas comuns de combate ao narcotráfico e ao contrabando, mas forçou a diferença de posição: "A segurança (no caso da América do Sul) não é de uns contra os outros. É de todos juntos, para defender os Estados nacionais de ilícitos".
Apesar de ter escapado dos regimes militares que assolaram o continente nas décadas de 60 e 70, a Venezuela é um país muito militarizado, e o próprio Chávez é um exemplo disso. Tenente-coronel do Exército, ele nomeou militares para bom número de cargos-chave do governo.


Texto Anterior: Justiça: Ex-ditador Pinochet sofre derrota em tribunal chileno
Próximo Texto: EUA: Fumantes ganham US$ 12,7 mi na Justiça
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.