|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VENEZUELA
Presidente fica fortalecido depois da visita de FHC
Chávez prevê uma vitória por "nocaute" nas eleições de maio
ELIANE CANTANHÊDE
enviada especial a Caracas
Politicamente fortalecido com a
visita oficial de dois dias do presidente Fernando Henrique Cardoso à Venezuela, o presidente Hugo Chávez reagiu com um sorriso
e a simulação de um soco no ar à
pergunta de jornalistas brasileiros
sobre as eleições presidenciais de
28 de maio.
"Nocaute", disse Chávez, que,
apesar de estar completando um
ano e dois meses na Presidência,
decidiu incluir seu próprio mandato nas eleições gerais para o
Congresso, os governos estaduais
e as prefeituras.
Seu principal adversário é o
também militar da reserva Francisco Arias Cárdenas, que era do
seu grupo político e rompeu com
o governo fazendo pesadas acusações, inclusive de corrupção.
Apesar do crescimento de Arias
Cárdenas nas pesquisas, Chávez
mantém o mesmo estilo de falar
muito e não economizar frases de
efeito. Disse que os que temem
ameaças à democracia na Venezuela "estão completamente enganados".
"Estamos saindo de um labirinto negro de décadas. O processo
revolucionário é apoiado pela
imensa maioria do povo. Eu sou
apenas um instrumento", disse,
em entrevista.
FHC e Chávez conversaram
mais de uma hora a sós, na quinta-feira, e participaram das solenidades oficiais rindo, trocando
tapas nas costas, fazendo brincadeiras. Eles, porém, discordaram
pelo menos num ponto: a forma
de combater o narcotráfico.
Otan
Ontem pela manhã, Chávez disse que na reunião dos presidentes
da América do Sul em Brasília,
nos dias 31 de agosto e 1º de setembro, seria discutido "um mecanismo de defesa da América do
Sul, assim como existe a Otan no
(Hemisfério) Norte".
À tarde, foi a vez de FHC falar
sobre o assunto. Ele rechaçou a
idéia de um organismo tão militarizado quanto a Otan. Com um ar
de surpresa, disse: "Acho que não
é Otan".
Depois, explicou que defende
formas comuns de combate ao
narcotráfico e ao contrabando,
mas forçou a diferença de posição: "A segurança (no caso da
América do Sul) não é de uns contra os outros. É de todos juntos,
para defender os Estados nacionais de ilícitos".
Apesar de ter escapado dos regimes militares que assolaram o
continente nas décadas de 60 e 70,
a Venezuela é um país muito militarizado, e o próprio Chávez é um
exemplo disso. Tenente-coronel
do Exército, ele nomeou militares
para bom número de cargos-chave do governo.
Texto Anterior: Justiça: Ex-ditador Pinochet sofre derrota em tribunal chileno Próximo Texto: EUA: Fumantes ganham US$ 12,7 mi na Justiça Índice
|