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São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2003

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EUA bombardeiam edifício onde estaria Saddam

DA REDAÇÃO

Um bombardeiro americano atacou um complexo residencial em Bagdá ontem após agentes de inteligência americanos terem recebido informações de que Saddam Hussein, seus filhos e outros líderes iraquianos estariam no local, afirmaram militares dos EUA citados pela agência de notícias Associated Press (AP) e pelas TVs americanas CNN e NBC.
Até o fechamento desta edição, não foram fornecidas informações sobre mortos no ataque, mas as autoridades dos EUA disseram que o alvo foi destruído. "Há um grande buraco onde o alvo ficava", disse um oficial americano, que não quis se identificar, à AP.
Um alto funcionário do Departamento da Defesa dos EUA, que também não quis se identificar, afirmou que um único bombardeiro B-1B realizou o ataque, jogando "menos de cinco bombas de 907 kg" no alvo residencial.
De acordo com o major Brad Bartelt, porta-voz do Comando Central dos EUA no Qatar, o ataque ocorreu às 16h de ontem (9h em Brasília) no bairro de classe alta de Al Mansour, em Bagdá.
"Estamos confirmando que um alvo de liderança foi, de fato, atingido muito fortemente", disse Bartelt. Ele não falou sobre os resultados do ataque.
Três casas geminadas no bairro de Al Mansour foram destruídas ontem em um ataque que, segundo vizinhos, teria sido realizado com um míssil da coalizão anglo-americana. Tudo o que sobrou das casas foi um monte de concreto, ferro retorcido, móveis quebrados e roupas.
O ataque deixou uma cratera de alguns metros de profundidade, e a força da explosão quebrou janelas e portas a até 300 m de distância do local. Três laranjeiras que cresciam na calçada diante das casas foram arrancadas pelo impacto.
Segundo autoridades americanas citadas pela AP, agentes de inteligência americanos receberam a informação ontem de manhã de que uma reunião de cúpula entre funcionários do serviço secreto iraquiano e, possivelmente, Saddam e seus dois filhos, Qusay e Uday, estava ocorrendo.
As informações foram passadas então ao Comando Central dos EUA, que enviou um avião militar para jogar no alvo bombas capazes de penetrar em bunkers.
As forças da coalizão anglo-americana têm atacado líderes iraquianos desde o início da guerra. Soldados americanos e britânicos invadiram pelo menos quatro dos muitos palácios de Saddam nos últimos dias, incluindo dois ontem na capital iraquiana, em busca de informações, incluindo pistas sobre onde o ditador e membros do seu círculo mais próximo estariam.
Em 19 de março, o presidente dos EUA, George W. Bush, autorizou um ataque a um edifício na periferia de Bagdá no qual informações de inteligência indicavam que Saddam e seus filhos estavam. O ataque daquele dia foi, como o de ontem, baseado em informações "sensíveis ao tempo".
Por semanas após o primeiro ataque, autoridades dos EUA examinaram informações de inteligência que pudessem sugerir que Saddam tivesse ficado ferido ou estivesse morto, mas, segundo fontes no governo dos EUA, agentes do serviço secreto determinaram que ele sobreviveu.
Horas mais cedo, autoridades americanas haviam dito que Qusay, filho de Saddam, estaria vivo e continuaria comandando as forças iraquianas. Os relatos dos americanos eram baseados em comunicações interceptadas entre autoridades do alto escalão iraquiano afirmando que o caçula do ditador, apontado como seu sucessor, ainda dava ordens.
Qusay estaria recebendo informações de que a situação iraquiana no campo de batalha estava melhor do que a realidade.
Isso explicaria, disseram as autoridades, que não quiseram se identificar, "o estado de fantasia" vivido pelas lideranças iraquianas, que insistem em dizer que o país está vencendo a guerra.
Os comandantes, por meio de telefones por satélite, afirmariam a Qusay que o número de baixas americanas é elevado e que os anglo-americanos estariam sendo derrotados em várias cidades. O motivo das mentiras seria o temor de serem punidos por Saddam e seu filho por uma derrota.
Até mesmo o aeroporto de Bagdá, onde já aterrissaram aviões americanos, estaria sob controle do Iraque, segundo declarações repassadas a Qusay.


Com agências internacionais


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