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São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2003

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Escolha de Belfast para a reunião ajuda Blair

MARIA LUIZA ABBOTT
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE LONDRES

A escolha da Irlanda do Norte para sediar a reunião do presidente dos EUA, George W. Bush, com o premiê do Reino Unido, Tony Blair, que começou ontem, está sendo interpretada como um sinal da importância que ganhou o aliado britânico, por incluir na agenda o acordo de paz na região.
Mas a opção por Belfast também preserva Bush. A paz na Irlanda do Norte sempre ocupou um lugar prioritário na agenda dos presidentes americanos, e Belfast é o lugar do Reino Unido onde há a maior simpatia aos EUA. Em Londres, dificilmente Bush escaparia de protestos populares.
A guerra divide o país, embora as últimas pesquisas indiquem que o apoio tem crescido e que a maioria (55%) é a favor. "Os EUA e o Reino Unido estão em guerra e meus vizinhos estão lá, arriscando a vida. Aqueles que protestam deveriam ter vergonha do que fazem, porque faz mal ao moral dos nossos soldados", observa Matt Raymond, comerciante.
"Não é falta de patriotismo, nem protestamos contra os soldados. O nosso objetivo são os políticos que puseram as tropas nessa situação", responde Tereza Mohammed, porta-voz da Coalizão Pare a Guerra, que quer reunir pelo menos 500 mil pessoas em uma marcha pela paz em Londres no próximo sábado.
O aumento do apoio dos britânicos depois do começo de uma guerra não é novo. Foi registrado pelos institutos de pesquisa na Guerra das Malvinas, em 1982, quando o número de pessoas que apoiavam o conflito passou de 65% para 72% depois que começou a invasão. Na Guerra do Golfo, em 1991, passou de 54% antes do conflito para 80% durante.
Na história recente, a participação nas guerras também tem sido boa para a popularidade dos premiês. Durante a guerra das Malvinas, a popularidade de Margaret Thatcher subiu de uma média de 28%, em 1981, para 59% em junho de 1982. No primeiro mês como premiê, a atuação de John Major era considerada satisfatória por apenas 37% da população. Três meses depois, durante a Guerra do Golfo, esse número tinha passado para 63% da população.
Mas a história da participação nas guerra tem nuances diferentes e, desta vez, a participação da da ONU é fundamental para a maioria dos britânicos.
"Eu era contra ir à guerra sem a ONU, mas agora que eles já foram tão longe, não podem desistir e deixar Saddam Hussein sair livre de tudo o que fez", diz Jeff Dalr, professor. "Mas a ONU tem de fazer parte da reconstrução."


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