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Escolha de Belfast para a reunião ajuda Blair
MARIA LUIZA ABBOTT
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE LONDRES
A escolha da Irlanda do Norte
para sediar a reunião do presidente dos EUA, George W. Bush, com
o premiê do Reino Unido, Tony
Blair, que começou ontem, está
sendo interpretada como um sinal da importância que ganhou o
aliado britânico, por incluir na
agenda o acordo de paz na região.
Mas a opção por Belfast também preserva Bush. A paz na Irlanda do Norte sempre ocupou um lugar prioritário na agenda
dos presidentes americanos, e
Belfast é o lugar do Reino Unido
onde há a maior simpatia aos
EUA. Em Londres, dificilmente
Bush escaparia de protestos populares.
A guerra divide o país, embora
as últimas pesquisas indiquem
que o apoio tem crescido e que a
maioria (55%) é a favor. "Os EUA
e o Reino Unido estão em guerra e
meus vizinhos estão lá, arriscando a vida. Aqueles que protestam
deveriam ter vergonha do que fazem, porque faz mal ao moral dos
nossos soldados", observa Matt
Raymond, comerciante.
"Não é falta de patriotismo,
nem protestamos contra os soldados. O nosso objetivo são os políticos que puseram as tropas nessa
situação", responde Tereza Mohammed, porta-voz da Coalizão
Pare a Guerra, que quer reunir pelo menos 500 mil pessoas em uma
marcha pela paz em Londres no
próximo sábado.
O aumento do apoio dos britânicos depois do começo de uma
guerra não é novo. Foi registrado
pelos institutos de pesquisa na
Guerra das Malvinas, em 1982,
quando o número de pessoas que
apoiavam o conflito passou de
65% para 72% depois que começou a invasão. Na Guerra do Golfo, em 1991, passou de 54% antes
do conflito para 80% durante.
Na história recente, a participação nas guerras também tem sido
boa para a popularidade dos premiês. Durante a guerra das Malvinas, a popularidade de Margaret
Thatcher subiu de uma média de
28%, em 1981, para 59% em junho
de 1982. No primeiro mês como
premiê, a atuação de John Major
era considerada satisfatória por
apenas 37% da população. Três
meses depois, durante a Guerra
do Golfo, esse número tinha passado para 63% da população.
Mas a história da participação
nas guerra tem nuances diferentes e, desta vez, a participação da
da ONU é fundamental para a
maioria dos britânicos.
"Eu era contra ir à guerra sem a
ONU, mas agora que eles já foram
tão longe, não podem desistir e
deixar Saddam Hussein sair livre
de tudo o que fez", diz Jeff Dalr,
professor. "Mas a ONU tem de fazer parte da reconstrução."
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